Muitas vezes desejamos que as pessoas pensem como nós. Realmente, é uma enorme vantagem quando duas pessoas pensam da mesma forma. A harmonia é alcançada com mais facilidade. Duas cabeças pensando na mesma direção faz com que os objetivos sejam alcançados rapidamente. Torna-se possível até mesmo ter uma sincronia nas atividades. Tudo fica mais fácil.
Ocorre, porém que, seja nos relacionamentos pessoais ou nos profissionais, é extremamente difícil encontrar quem pense de forma semelhante a nossa. O que mais acontece é exatamente o contrário. Na maioria das vezes, nossas opiniões e pontos de vista chocam-se frontalmente com os das demais pessoas. E, quando isso acontece, chega-se no ponto mais importante da questão. É nesse exato momento onde inicia-se o processo de sucesso ou de fracasso.
Saber lidar com diferenças é uma habilidade que todos deveríamos adquirir. Abrindo um pequeno parênteses, podemos refletir observando os animais. O gado, por exemplo, recebe uma ajuda incrível de alguns pássaros que retiram pequenos insetos de seu couro. Galinhas, também, com seus bicos, pegam bichinhos das partes mais baixas das vacas e cavalos. Em um mesmo ecossistema, inúmeros animais convivem em perfeita harmonia. Evidentemente que a cadeia alimentar funciona, e os predadores comem suas presas para garantir sua sobrevivência. Mas os animais sabem lidar com as diferenças.
É aí que entra a questão mais contraditória da raça humana. Mais contraditória por quê? Pelo simples fato: o que nos diferencia dos animais é exatamente a capacidade de raciocinar, de criar, de inventar, de pensar, de autoavaliar-nos, de reconhecer nossa existência, enfim, de ser racionais. E é nesse ponto que esbarramos em nós mesmos. Vejamos uma questão: por que os animais sabem conviver com as diferenças? É simples: porque não pensam, simplesmente agem segundo o seu instinto, que os impele a agir da forma mais lógica e coerente possível.
Quando o homem pensa, ele toma consciência de si próprio. E é justamente aí que ele esbarra em seu próprio conhecimento. A questão de se entender como um ser pensante, capaz, autosuficiente, hábil, inteligente, faz com que nós, seres humanos, nos julguemos melhores em muitos aspectos. Porém, esse autojulgamento é, muitas vezes, inconveniente.
Ao encontrarmos pessoas com opiniões e visões diferentes, deveríamos, em função do objetivo maior, que é o alvo comum, simplesmente encontrar a solução que seria melhor para todos. A lógica diria que o correto seria não pensar em questões individuais, mas sim, pensar da frente para trás. Visualizando o final da estrada, ou seja, o alvo que se deseja alcançar, viríamos voltando no caminho e saberíamos que decisões tomar, qual percurso seguir. Isso seria o mais coerente. Porém, o que mais vemos são picuinhas, coisas mínimas, pedaços de caprichos que não permitem que abramos mão de opiniões e formas de pensar. E isso nos atrapalha muito.
Definitivamente, precisamos crescer como pessoas. Crescer no aspecto pessoal. Adquirir bagagem íntegra, nobre, forte, coerente, madura. Deixar de adquirir somente conhecimento desatrelado com o suporte emocional que o mesmo requer. Puro conhecimento nos transforma em potências descontroladas. Nossa verdadeira busca deve ser pela sabedoria, que é o conhecimento do conhecimento. Uma pessoa verdadeiramente sábia tem uma capacidade incrível. Sabe ser humilde, ficar calada, mesmo sabendo que ao seu lado há uma pessoa com conhecimento ou capacidade muito inferior. Sabe despejar o seu conhecimento no momento necessário, apropriado. Tem autocontrole. Isso é não permitir que o "poder suba à cabeça". Isso é o que precisamos.
Não há como fugir dos relacionamentos. Eles estão em tudo o que fazemos. E saber se relacionar com pessoas diferentes revela a verdadeira capacidade que tem um grande ser humano. Porque utilizar toda a sua potência no meio de pessoas que lhe elogiam, que lhe valorizam, é algo lógico, e até certo ponto não lhe oferece tanta resistência. Agora, ser eficaz em meio às diferenças é algo só alcançado pelos sábios.
O que realmente precisamos, é aprender a ver de forma diferente. Não devemos encarar as pessoas diferentes como ameaças, mas sim como oportunidades de crescimento mútuo. Vejamos o seguinte: se estamos seguros de quem somos e de nossa capacidade, não precisamos criar conflitos desnecessários, nem tampouco resistir a todas as idéias de quem não pensa como nós. Basta que proponhamos soluções comuns. É isso. Soluções, não problemas. Precisamos pensar na resolução das questões. Focar nosso esforço olhando sempre para frente. Nunca olhando pra baixo, para as questões estáticas.
Enfim, precisamos aprender a descomplicar as coisas. Em uma estrada, quando o trânsito está descomplicado, o tráfego flui bem e todos conseguem chegar ao seu destino e o número de acidentes diminui muito. E nossa vida é como uma enorme autoestrada. Cada um de nós dirige seu próprio veículo, carregando nossos familiares e também nossas qualidades e defeitos. Mas estamos lado a lado trafegando junto com outros amigos, colegas, companheiros, e cada um deles pilota seu automóvel com os respectivos ocupantes.
Temos que nos perguntar: nessa estrada de nossa vida, o que desejamos, provocar o maior número de acidentes, criando resistência a todos e mostrando que somos os melhores? Ou queremos mesmo é chegar no próximo destino, a parada seguinte, onde iremos abastecer nossos conteúdos e levaremos em segurança todos que estão em nosso veículo? Essa é a questão básica que precisamos responder para tratar apropriadamente as diferenças. Quanto mais soubermos lidar com isso, mais sucesso teremos. Então, nunca é tarde para aprender. Vamos estudar mais essa matéria. Vamos?
Helvécio
Achei esse título muito pertinente,e temos que aprender a respeitar as diferenças e idéias de quem vive ao nosso redor, porque como pessoas imperfeitas sempre queremos que nossas vontades e opiniões reinem e sejam aceitas.Mas como você bem disse com humildade e disposição temos que aprender a ouvir,ponderar e oportunizar ao próximo.Não será uma prática fácil,porém se conseguirmos seremos pessoas mais sublimes.Agradecemos a grande contribuição,com carinho sempre e admiração:Paulo Marcos e Carla Patrícia.
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