terça-feira, 1 de novembro de 2011

SANTO DE CASA

   Existem inúmeros provérbios de todas as origens e sobre diversos assuntos. Um deles é: "Santo de casa não faz milagre." Esse provérbio é muito conhecido. Geralmente, quem o usa está querendo enfatizar a falta de confiança que um determinado grupo de pessoas deposita em um membro de sua localidade.
   O que muitos não sabem é a verdadeira origem desse adágio popular. Como muitos provérbios, este também é derivado de um acontecimento bíblico. Certa feita, quando Jesus Cristo estava em Nazaré da Galiléia, onde ele havia sido criado, entrou na sinagoga num dia de sábado, como de costume, e pegou o rolo do livro do profeta Isaías e começou a ler e ensinar os presentes. E todos ficavam maravilhados. Porém, depois de um tempo, começaram a dizer entre eles: não é este o filho de José, o carpinteiro? Diziam isso por não crerem que daquele lugar pudesse surgir alguém importante. Não acreditavam nele.  Depois, Jesus disse a eles: "Nenhum profeta é bem recebido na sua pátria." Este é o trecho bíblico do qual foi extraído o provérbio que conhecemos atualmente.
   A mensagem que essa frase nos traz é forte. O ser humano é incrédulo, por natureza. Ele precisa ser incentivado a crer. O fato de conviver com uma pessoa há muitos anos faz com que não se acredite que ela possa ser capaz de algo incrível. Porém, essa falta de acreditar nas pessoas conhecidas vem nos revelar algo mais profundo ainda. A baixa auto-estima das pessoas. A maioria não crê em sua própria capacidade. E, por não crer em si mesmo e se considerar igual aos outros, considera-se que eles não tenham tais capacidades.
  É muito comum projetarmos nos outros aquilo que pensamos, na verdade, sobre nós mesmos. Quando alguém diz que "Santo de casa não faz milagre", ele está querendo dizer o seguinte: como é que pode, alguém dos nossos ser tão importante assim? Eu não tenho essa importância toda? Acho isso muito difícil! Isso revela pessoas com boa quantidade de inveja, incredulidade e falta de um espírito de coletividade e, mais ainda, falta de fé.
   No trecho bíblico citado, é dito que Jesus não fez muitos milagres em Nazaré. Ele preferiu ir para outras cidades onde era bem melhor recebido. Isso pode acontecer muitas vezes conosco. Dentro de uma família, por exemplo, onde uma pessoa começa a se destacar, surgem outras duvidando de sua capacidade ou invejando a projeção que aquela está tendo.
   Precisamos modificar essa realidade. Temos que ensinar nossa mente a ser diferente. Pensar de forma mais criteriosa. Deixar de ser mais um na multidão. Precisamos entender que somos nós mesmos que escrevemos nossa história. Viver na sombra dos outros é muito fácil. Porém, só não foram esquecidos aqueles que lutaram para rabiscar suas realidades no caderno de suas vidas.
   Vamos, meus amigos, procurar compreender que vivemos em grupo, que não podemos viver independentes dos demais semelhantes. Precisamos uns dos outros. E temos que crer que podemos muito unidos. Cada um de nós temos várias capacidades individuais. Temos que considerá-las. Acreditar nelas. E, mais ainda, temos que aprender a somar nossas semelhanças e fazer delas armas potentes contra as dificuldades enfrentadas mundo afora. Cada um de nós é capaz. Juntos somos vitoriosos. 
   Vamos fazer com que esse provérbio não se cumpra em nós. Vamos?

Helvécio

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