quarta-feira, 11 de abril de 2012

ANSIEDADE

   São inúmeros os transtornos relacionados às questões da alma e da mente. Alguns deles necessitam de tratamento sério e, às vezes, exigem que a pessoa se afaste do convívio social normal e passe um certo tempo mais isolada envolvida em um tratamento medicamentoso e também psicológico.
   Um desses problemas é a ansiedade. Existe uma definição mais específica e técnica sobre esse transtorno, porém vamos abordar o tema de uma forma mais reflexiva e social, a fim de analisarmos alguns tipos de comportamento humano que facilitam o aparecimento deste problema.
   Abordando o tema de forma histórica, é importante voltarmos alguns anos e lembrar o modo de vida que algumas gerações anteriores levavam. É fato que nossos avós iam menos ao médico, e isso pode ter colaborado para o menor registro de doenças da alma naquela época. Porém, é inegável que as pessoas adoeciam muito menos e eram bem mais felizes, olhando por um ponto de vista simples. E, com certeza, o estilo de vida dos mesmos influenciou grandemente para isso. Dormir cedo e uma quantidade ideal de horas, levantar cedo, ter hábitos disciplinados, uma rotina mais fixa, menos surpresas indesejáveis, menos ingredientes químicos nos alimentos, mais sinceridade nos relacionamentos, menos compromissos, vidas mais transparentes e menos artificiais, dentre outras questões. Tudo isso cooperou para que houvesse menos ansiedade nas pessoas.
   Há poucos anos, as mudanças nos nossos hábitos modificaram-se enormemente. Nossa vida tem alguns hábitos parecidos com a de nossos avós, mas uma grande maioria de atividades atuais nem eram imaginadas décadas atrás. E o pior é que a maioria delas são atitudes que tendem a trazer situações de estresse para o nosso cotidiano. Muitos compromissos, tempo exíguo, pouco tempo para os filhos, amizades superficiais, falta de esforço para manter relacionamentos, importância exagerada a fatores supérfluos, falta de bom relacionamento social, menos trabalho braçal, muita exposição a pessoas não confiáveis, assumir compromissos sem calcular a possibilidade de cumpri-los, dentre outras questões. Estes fatores são primordiais para contribuir para o aumento do transtorno da ansiedade.
   A ansiedade pode ser definida como uma falta de controle da situação presente, associada ao medo ou receio dos acontecimentos futuros, principalmente em curto prazo. Uma pessoa ansiosa não consegue se acalmar com facilidade. Ela fica tensa, às vezes trêmula, não consegue pensar com lucidez, tem a mente confusa com frequência, não consegue desenvolver um raciocínio completo, nem tampouco consegue conversar calmamente com alguém que exija sua atenção.
   Em geral, uma pessoa ansiosa não oferece risco às pessoas, senão a si mesma. Sim, há um auto-risco, pelo fato de que, ao não conseguir se controlar, há a tendência de que esse descontrole evolua para uma situação de choque ou medo extremo. É muito importante que uma pessoa ansiosa não fique solitária. Sua mente está em um momento de não calma, de necessidade de ajuda externa. É importante que as pessoas saibam identificar quando alguém está ansioso. Algumas pessoas não comentam, apenas se isolam. Podemos dizer que a ansiedade é um dos passos que pode levar uma pessoa a chegar à depressão e, por isso é tão importante identificá-la.
   Algumas pessoas passam a ter hábitos tão descontrolados que vivem continuamente ansiosos e sequer buscam uma forma de se tratar. Precisamos entender que somos seres sociais e, por isso, nossos relacionamentos pessoais e profissionais sofrem mudanças ao longo do tempo, sejam elas suaves ou bruscas. Mesmo as mais suaves precisam ser estudadas, para que possam ser corrigidas em tempo hábil. As bruscas, nem se fale, precisam de tratamento sério.
   Algo que é fato é que nossa vida mudou muito e vai mudar ainda mais, é o que dizem os estudiosos. Somos seres inteligentes e, portanto, não precisamos usar nossa rigidez para impedir que encaremos as mudanças que virão como monstros, mas sim que possamos encará-las da forma correta, aceitando aquilo que não pode ou não deve ser modificado, rejeitando aquilo que não será benéfico e aprendendo a lidar ou modificar os fatos que venham a nos impressionar. Antes de mais nada, precisamos usar algo que temos em nosso favor: o próprio relacionamento social. As pessoas ainda são os melhores instrumentos para se ajudarem mutuamente, desde que compreendam umas às outras, em vez de ficarem se encarando como inimigos ou ameaçadores. Vamos olhar mais para dentro de nós e para dentro de nossos semelhantes. Creio que estamos precisando disso.

Helvécio

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