terça-feira, 29 de maio de 2012

ARROGÂNCIA

   O ser humano é repleto de características, muitas delas externas e outras tantas internas. É incrível a capacidade que temos de inventar maneiras, modos, jeitos e formas de expressar o que sentimos, desejamos, queremos ou almejamos. Essa é a maneira que utilizamos para nos comunicarmos com os nossos semelhantes. E é algo louvável quando essa comunicação flui de modo que o conteúdo da mensagem chegue aos ouvidos e olhos do interlocutor sem ser adulterada. Porém, quando há uma violação dos elementos originais que pretendiam ser entregues em forma de mensagem, estão criados, aí, alguns problemas.
   E Esses problemas são exatamente o fruto de reflexão deste texto. O ser humano não existe para manifestar expressões negativas, principalmente em relação ao seu próximo. Quando isso acontece, ele se descaracteriza, ou seja, ele deixa de se parecer com um ser humano e passa a ter semelhanças com os animais, ditos irracionais. Senão, vejamos: o que nos difere das demais espécies de animais é exatamente a racionalidade e ela é exatamente a capacidade de ponderar sobre vários elementos. E dentre eles estão nossas atitudes e palavras.
   E racionalizar passa por vários estágios. O primeiro deles pode ser definido como sendo dar uma pausa em tudo o que se está fazendo. Sim, pois uma vez que os motivos da razão, do sim e do não precisam ser consultados, há que se fazer uma pausa nas atividades, para que nossas memórias sejam ativadas e os conteúdos pertinentes sejam acessados e analisados. Racionalizar é, antes de tudo, fazer julgamento de valores. É comparar se o que estamos vendo ou sentindo é coerente com aquilo que temos armazenado dentro de nós. E, para isso, é necessário que não estejamos agindo, mas sim, pensando e refletindo, antes de tudo.
   O segundo estágio seria exatamente a comparação dos elementos que envolvem as circunstâncias com nossos valores. Isso passa por questionar-se, indagar-se e fazer juízo de valor sobre as questões envolvidas. Após esse passo, segue-se outro muito importante, que é o objetivo final: tirar as conclusões necessárias. Sim, pois, uma vez que deu-se uma pausa, que foram feitas as comparações, é necessário que sejam obtidas as conclusões pertinentes a todo esse conteúdo. E essas conclusões serão o objeto fundamental para o último passo, aquele que será refletido externamente: as ações que serão praticadas em decorrência das conclusões tomadas.
   Vejam bem, vários passos foram seguidos antes de se chegar-se às atitudes finais. Os animais agem por instinto, porém, nós, seres humanos, temos que utilizar sempre dos recursos racionais dos quais dispomos. Esse processo todo que foi descrito acima deveria ser a prática cotidiana que um ser humano adulto pratica normalmente, sem fazer esforço nem tampouco ser alertado para isso. Evidentemente que, para que isso seja algo que pertença aos seus costumes, ele deverá ter aprendido isso desde a infância.
   Porém, a questão crucial deste texto é a tal de arrogância. Ela é tudo o que não devemos praticar em termos de consciência e de atitudes para com nossos semelhantes. Ela mostra que não se aprendeu a lição, ou mesmo que esta nem tenha sido ensinada a quem praticou tal ato. É algo extremamente desagradável confrontar-se com uma pessoa arrogante. Seja em que tipo de contato for, uma pessoa arrogante torna-se dispensável em todos os sentidos. Ela reflete muito da amargura presente em seu interior. Ela revela que não se é humilde e que está muito longe o momento do amadurecimento.
   Devemos aprender sempre em nossa vida. O fato do tempo passar deve significar, para todos nós, que estamos nos tornando pessoas melhores em todos os sentidos. Caso contrário, estamos involuindo ou desaprendendo e isso é profundamente lamentável. A arrogância humilha pessoas humildes, entristece pessoas alegres, diminui pessoas que não detém o poder, denota abuso de poder de quem o tem em certa quantidade. Ela é o sinal da falta de justiça na mente de quem a pratica. Ela consiste em teorias, valores e práticas que nenhum ser humano necessita. Ou melhor, ela é um sinal de uma sociedade deplorável. Ela vem para dizer aos menos favorecidos que eles não terão oportunidades em sua vida.
   Meus caros, não façamos vista grossa em relação às inúmeras contradições que vemos todos os dias. Cada um de nós, com os recursos de que dispusermos, tomemos atitude. Não fiquemos calados, nem tampouco acomodados em nossa situação confortável. Qualquer situação pode modificar-se em pouquíssimo tempo. Estou certo de que nenhum de nós desejaria ser humilhado por um cidadão arrogante. Porém, tantos outros indivíduos ignorantes continuarão ou passarão a ter atitudes arrogantes, quanto mais nós ficarmos inertes perante essa prática nociva à sociedade. O primeiro passo que precisamos dar é nos conscientizar-mos. A partir disso, virão várias outras atitudes. Espero, sinceramente, que possamos, pelo menos, tomar essa consciência, que vejo como extremamente necessária para que estejamos fazendo uso de nossa tão falada cidadania. É isso, amigos, não à arrogância!

Helvécio

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