terça-feira, 24 de julho de 2012

TECELÕES DA HISTÓRIA


   Escrever, um verbo conhecidíssimo, principalmente porque todo ser humano o pratica durante a sua jornada aqui na terra. A partir do momento em que deixamos o ventre materno e saímos para o mundo, nossa vida começa a ser escrita.
   Quer desejemos ou não, é nesse momento que começamos a utilizar diversas ferramentas para tecer a imensa teia que comporá todos os passos que dermos nessa nossa passagem aqui, muito mais temporária do que muitos encaram.
   Hoje, dia vinte e cinco de julho, comemora-se o dia do escritor. Há pessoas que dizem não ter o dom para escrever. Dizem que têm dificuldades de compor as palavras ou que o assunto não flui para ser colocado no papel. Isso é bem verdade, analisando-se a questão da escrita sistemática, aquela na qual são produzidos textos narrativos, dissertativos ou descritivos, redigidos de maneira formal, seguindo as regras da gramática. Desempenhar essa tarefa nem sempre é algo simples para muitas pessoas.
   Porém, o que muitos não param para pensar é que, querendo ou não, somos todos escritores em nossa vida. A história de cada um de nós é redigida por nós mesmos, utilizando as mais diversas ferramentas de que dispomos no momento em que o fazemos. Podemos escrever com nossos olhos ao fitar com compaixão  uma criança necessitada de carinho. Podemos escrever com nossos pés, caminhando em direção a atitudes urgentes de realização. Podemos escrever com o silêncio de um recolhimento necessário em momentos em que ele é a melhor solução. Podemos escrever com um comportamento responsável, procurando dar exemplos de justiça, honestidade e sinceridade. Podemos escrever com atitudes respeitosas para com as pessoas mais idosas, principalmente aquelas que necessitam de uma companhia ou de um ouvido amigo para escutar seus lamentos peculiares. Enfim, de uma forma ou de outra, todos nós tomamos canetas diversas e vamos construindo esse imenso tecido que descreve a história de nossa vida.
   E escrever uma história é algo que dura toda a vida, sendo feito de forma contínua, dia e noite. E precisamos entender que as palavras que escrevemos, seja com que ferramenta for, jamais serão apagadas. É dito que as palavras que falamos jamais se extinguem por completo, mas que seu som continua ecoando eternamente pelo universo sem fim. E é fato que tudo aquilo que praticamos causa ou causará um reflexo em algo ou em alguém num futuro próximo ou distante.
   Tal qual um texto que pode ser lido pelas palavras que o compõem, nossa vida também pode ser considerada como um livro que é lido pelas demais pessoas que observam nosso comportamento, sejam elas pessoas próximas ou não. E um texto é composto, em geral, por três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução são os primeiros parágrafos, nos quais o assunto é introduzido de forma que o leitor saiba de que trata o assunto. O desenvolvimento é a exploração mais austera do tema, tentando abordar de forma contundente aquilo que é importante. E a conclusão é a convergência das idéias que foram expressas, de forma que a opinião do escritor, ou o questionamento que o mesmo deseja fazer sobre o tema fiquem explicitados, de forma que o assunto todo torne-se compreensível.
   E, fazendo um paralelo com um texto, nossa vida também tem esses três componentes. A introdução começa no dia em que nascemos e vai até os anos nos quais nos tornamos donos de nossos próprios narizes. A partir daí dá-se início o desenvolvimento, onde iremos escrever as partes mais importantes de nossa existência. E a conclusão? Bem, essa consiste na forma como iremos arrematar a história de nossa vida. Caso tenhamos feito uma boa introdução e conseguido escrever um bom desenvolvimento, a conclusão torna-se facilitada. Porém, mesmo que tenhamos cometido alguns lapsos durante as duas primeiras etapas, sempre é tempo de tomar o fio da meada de forma consciente e sensata e concluir o período em que estivermos aqui para deixar aquilo que for melhor para os nossos queridos e levar os tesouros mais importantes e nobres que pudermos absorver e colher de nossas atitudes.
   Portanto, meus caros leitores, saibam os senhores e senhoras que todos somos escritores nesta vida. E não importa se você está na introdução, no desenvolvimento ou já tenha entrado no período de fazer a sua conclusão. O que importa é fazer bem feita a etapa na qual você está inserido, plantando as sementes mais seletas, para que a colheita possa ser, consequentemente, muito favorável. Boa escrita de vida a todos os meus colegas escritores.

Helvécio

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