segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ANTES, DURANTE E DEPOIS

   Dizem que quem vive de passado é museu, que quem gosta de beleza interior é arquiteto e que de médico e de louco, todo mundo tem um pouco. Também ouvimos dizer que cada brasileiro é um técnico de futebol. Bem, esses adágios populares são muito conhecidos em nosso Brasil. Se são muito ditos, mesmo que não fossem verdade, acabariam por se tornar.
   Porém, pegando o gancho com esse lado humorístico que têm esses assuntos, vamos refletir um pouco sobre a temporalidade, que significa analisar os fatos, os acontecimentos e a nossa percepção de tudo isso em relação ao tempo em que vivemos. Seja no passado, no presente ou no futuro, estamos sempre vendo ou tentando ver fatos que aconteceram, ou irão, ainda, acontecer, ou que se fazem presentes em nossa vida.
   Há uma frase muito interessante que diz: "Se você está deprimido, está vivendo no passado; se está ansioso, está vivendo no futuro; viva o presente, para viver feliz." Realmente, essa frase tem um fundo extremamente coerente. O único tempo em que podemos fazer algo chama-se presente, que é sinônimo de tempo atual, o agora, o já, este momento em que estamos vivendo. É nele que temos a dinâmica de poder agir e interagir com o mundo em que habitamos e nos relacionamos. É no presente que podemos pedir perdão a uma pessoa que encontra-se distante de nós por fatos que causaram essa indiferença. É hoje que podemos desfazer algo de incorreto que fizemos. É agora que podemos levantar da cadeira ou da cama e ligar para uma pessoa, resolvendo uma questão importante. É nesse exato momento em que você lê esse texto que sua mente pode decidir voltar atrás em uma decisão errada que você tomou de forma precipitada. É atualmente que vivemos, que respiramos, que estamos, que somos e que temos ou não algo em nossas vidas. Portanto, a única janela que temos aberta para podermos tocar em algo ou em alguém no tempo chama-se tempo presente.
   E o que é o passado? Bem, se quem vive deprimido está vivendo no passado, isso significa que ele ficou lá para trás, em um tempo que jamais retornará. Você já parou para pensar nisso, que o passado não volta? Sim, ele não volta, foi encerrado, fechado, ficou lá bem longe. Mesmo que seja um passado recente, o que você fez ou deixou de fazer não pode ser mudado. A única coisa que é possível fazer é mover alguma peça do presente que possa atingir um fato ocorrido no passado. Mas tem que ser um fato novo, algo que não foi feito antes. O passado passou, é necessário reconhecer isso definitivamente. Deixemo-lo no local em que está, ou seja, quieto, encerrado.
   O futuro, o que seria? Bem, nenhum de nós, mortal, tem o poder de compreender o futuro ou as coisas eternas, elas pertencem a Deus e só Ele tem a capacidade de dominar as coisas atemporais. Para nós, o futuro é, antes de tudo, algo muito incerto, pois nem sabemos se ele chegará. Só para termos uma noção de como isso é verdade, tente lembrar de algumas pessoas que começaram esse ano e não terminarão o mesmo, pois nos deixaram antes que o mesmo termine. Cada um de nós tem uma história e a estamos escrevendo enquanto temos a permissão de fazê-lo. Viver no futuro é tentar decidir algo que nem sabemos se teremos a oportunidade de fazer. É gastar energias em vão, é olhar para algo que ainda não existe.
   Portanto, convido os senhores e senhoras a refletirmos sobre a tendência que temos em querer manipular os fatos passados e futuros e esquecermos o mais importante que temos: o presente. É algo que nos circunda essa questão de tentarmos resolver o que já foi encerrado ou aquilo que nem sabemos se irá chegar. Além disso, há uma questão muito importante: é que nos esquecemos de que as decisões do presente podem ter um prolongamento para ambos os lados, passado e futuro. Algo que fizermos hoje pode corrigir, pelo menos em grande parte, algo que fizemos incorretamente ou não fizemos em um tempo remoto. Também, uma decisão correta que tomarmos hoje pode nos trazer boas colheitas em um futuro próximo ou não. Ou seja, o presente é o fio da meada que temos para tocar e refletir para trás ou para a frente. O fato é que nem sempre estamos dispostos a abrir mão das lembranças do passado e dos desejos do futuro. Contudo, se não arrazoarmos e compreendermos definitivamente isso, estaremos vivendo, ora deprimidos, ora ansiosos. Por que fazê-lo, se temos a oportunidade de buscarmos a felicidade que habita na forma mais simplificada e realista de agir apenas no presente? Que decisão iremos tomar? Bem, digo a vocês que ela pertence ao protagonista deste texto: o presente.

Helvécio

Nenhum comentário:

Postar um comentário