quinta-feira, 11 de abril de 2013

O BOM SAMARITANO



"E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira." Lucas 10:30-37
   Esta história mostra claramente que o companheirismo e a compaixão são características muito difíceis de serem encontradas nas pessoas em geral, desde os povos mais antigos. Quem conhece a história de Israel sabe que os samaritanos são um povo que surgiu de uma miscigenação de israelitas e povos estrangeiros que os tornaram cativos no oriente. Por este fato, os samaritanos sempre foram considerados impuros e acabaram sendo excluídos do convívio social com o povo judeu.
    A história fala de um homem que descia de Jerusalém, cidade que fica no topo de uma colina, a 800 metros acima do nível do Mediterrâneo e era considerada como principal lugar de adoração ao Deus de Israel, para Jericó, que fica às margens do rio Jordão, no vale de mesmo nome, numa altitude de 300 metros abaixo do mesmo mar, portanto, bem inferior a Jerusalém. Jesus não mostra o motivo pelo qual o homem fazia tal viagem. Há estudiosos que argumentam que poderia ser uma viagem que representaria uma decadência moral, uma vez que ele deixara um local de adoração para descer ao mais profundo de um vale. Porém, isso não é o mais importante na história. E, ainda que o fosse, o mesmo percurso decadente estariam fazendo o sacerdote e o levita que passaram após o homem, o que seria uma incoerência moral e espiritual da narrativa, o que não procede.
   A parte importante é que, as duas figuras citadas, o sacerdote e o levita, que teoricamente deveriam ser pessoas próximas do homem, hipoteticamente um judeu, pois é citado apenas como um homem que deixava Jerusalém pelas vias normais, não o foram. Eles foram pessoas extremamente distantes de tal homem. Tanto que a narrativa diz que eles passaram de largo, ou seja, sequer se aproximaram para, pelo menos, ver em que situação ele se encontrava. Portanto, as duas figuras não foram os próximos do homem.
   O fato de serem o próximo ou não do homem é explicado como uma resposta à pergunta que motivou Jesus a contar esta história. Diz a Bíblia em Lucas 10:25-29 - "E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?"
   O segundo mandamento mais importante é amar ao próximo como a si mesmo. O doutor da lei queria um escape para justificar o não cumprimento deste mandamento, uma vez que ele era apenas um estudioso da lei, mas não a cumpria. Porém, Jesus, vendo a sua intenção, deu este precioso exemplo, que retirou todo o argumento do fariseu. A narrativa mostra que, em determinadas situações, até mesmo um samaritano pode ser próximo de um judeu muito necessitado de cuidados. No caso, o samaritano passou por cima das barreiras sociais e se fez próximo de um judeu ferido e meio morto, cuidando dele como faria consigo mesmo. Apesar de o sacerdote e o levita terem-no ignorado, o samaritano não fez o mesmo. Ou seja, até mesmo o seu maior inimigo pode ser o seu próximo, dependendo da situação.
   A lição mais importante que temos que aprender com esta história é que somos capazes de ver quão próximos somos de uma determinada pessoa em uma circunstância específica. Há momentos em que podemos ser o único próximo de alguém, e essa pessoa irá necessitar muito de nosso auxílio e até de nosso cuidado. E também nos ensina que as pessoas que consideramos serem as mais próximas de nós nem sempre irão nos amparar nos momentos de maior necessidade. No caso, os dois representantes da religião judaica foram muito mal representados pelas duas figuras. Eles simplesmente abandonaram o homem, como se não tivessem que praticar a bondade que pregavam. Se não fosse o samaritano, aquele homem havia morrido.
   Portanto, meus caros, o que creio ser importante refletirmos é que, quando queremos fazer algo que consideramos importante, não há desculpas ou motivos que nos impeçam de tentar ao máximo isso. É uma questão de prioridade e decisão simples. Se quisermos, iremos fazer ou, pelo menos, tentar com todas as forças. Então, quem é o seu próximo?

Helvécio

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