Pontualmente às seis horas, no puleiro do paiol,
canta o galo carijó, antes do nascer do sol.
Ele emposta seu cantar todo alegre de viver,
anuncia que outro dia já acaba de nascer.
Quando ele bate as asas e termina de cantar,
me espreguiço e levanto, com vontade de lidar.
Logo abro a janela e espio lá de fora,
vejo ao longe a neblina e, na serra, a aurora.
Me apronto e me preparo para uma nova lida,
satisfeito e disposto, após noite bem dormida.
Ouço as vacas, os cavalos, os animais em geral,
todos se manifestando, querendo viver, afinal.
Lá da casa posso ouvir o pisar sincronizado,
dos pés firmes no assoalho, andando, meio apressado.
A pisada é de um homem, que da sala à cozinha,
caminhando, vai depressa, buscando uma comidinha.
O chão da casa faz barulho, pois é de tábua corrida,
todos que por ali andam fazem o som de sua vida.
Cada um tem o seu jeito, uma forma de viver,
uns são calmos, outros correm, porém todos a se mexer.
Lá na roça, o amor, não era como na cidade,
lá a gente só vivia de pura simplicidade.
Um olhar puro e singelo tinha um enorme valor,
bastava sorrir pra alguém que já via um puro amor.
Um amor sem condições, livre e desinteressado,
aquele que só tem quem decide ser amado.
Esse amor é o mais puro e tem uma coisa bela,
ele é como um fecho, de uma porta a tramela.
Quando o identificamos, conseguimos entender,
que as coisas valiosas são fáceis de conhecer.
Elas são todas de graça e a todos disponíveis,
quem quiser é só buscar, todas elas são possíveis.
Nesta vida, muitas coisas vem tentar nos convencer,
de que tudo é permitido e basta querer fazer.
Porém algo nos convence de que não é bem assim,
há muitas coisas boas, porém outras são ruins.
E o mais interessante é algo que nos faz pensar,
que as coisas mais desejáveis nem sempre vão vingar.
Muitas delas são enganos, coisas vãs e passageiras,
e a maioria delas não dura uma estação inteira.
E é por isso que devemos para sempre entender,
que o bom mesmo é amar e aprender a viver.
Helvécio Marcos Braga

Que liiiiiiiiindo!
ResponderExcluirAcredito que todos que viveram na roça um dia, ao ler essa poesia sentirão saudades...Muito linda, tudo real, e é também minha história!! Vc e sua sensibilidade
Nunca morei em uma roça,mas é na roça em que bebemos água mineral. É na roça que comemos frutas sadias,que não falta alegria,que ouvimos com nitidez os cantos dos pássaros e que as noites passam depressa!Texto interessante!
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