quarta-feira, 28 de março de 2012

PERDER OU GANHAR?

   Defini o título deste texto iniciando exatamente pela palavra perder de propósito. Em geral, quando vemos esse tema, a frase vem sempre assim: ganhar ou perder? Isso mostra a natureza tão egoística quanto conquistadora que os seres humanos têm. Logo pensam em ganhar e perder fica a segundo plano. Evidentemente, faz muito mais sentido ganhar do que perder, pois, quando se perde algo, em geral, fica-se um pouco inferior. Esse é o acordo genérico sobre esse verbo.
   Porém, quero levar meus leitores a refletirem um pouco mais sobre as perdas e os ganhos que temos em geral em nossas vidas. Há infinitas situações pelas quais passamos e, em algumas delas, pode ser interessante perder algo. Há uma frase de que gosto muito: "Há algo mais absurdo do que aumentar as provisões de viagem à medida que menos caminho resta?" (Cícero). Vejam bem, em nossa vida pensamos apenas em ganhar, ganhar, ganhar, acumular, acumular, acumular. E onde iremos armazenar tudo isso que adquirimos? Temos espaço em nossa vida para tudo isso?
   A vida de todos é dinâmica. Imagine uma cidade: todos os dias milhares de pessoas e empresas exercem o papel de fornecedores e clientes, uns dos outros. Todos os clientes chegam nas empresas e recolhem os produtos que compram, fazendo a tarefa de desovar o que estava acumulado no estoque da empresa. E esta, por sua vez, compra mais produtos de seus fornecedores, exercendo, esta, o papel de cliente, também. Conosco também é assim. "Compramos" certos produtos dos quais iremos precisar por um tempo em nossa vida. Porém, uma vez que já os utilizamos e não necessitamos mais deles, precisamos descartá-los, pois estão apenas tomando espaço e tempo nossos.
   É desta perda que estou falando. A perda das coisas desnecessárias. Das coisas que empatam nosso tempo e atenção. E fazem com que nos desgastemos, nos estressemos e fiquemos paralisados, impedidos de prosseguir em nossa jornada de conquistas diárias e anuais.
   Precisamos, muitas vezes, perder mais coisas do que ganhar outras tantas. Para ganhar, é preciso vislumbrar e adquirir. Porém, para perder, é necessário identificar a coisa maléfica, isolá-la dentro de nós ou de nossa vida e desapegar desta coisa. Descartá-la para sempre, deixá-la ir, geralmente para o lixo. É isso que está atrapalhando você a crescer, muitas vezes, reflita nisso. Pense em quanto tempo você perde tentando conquistar algo novo em sua vida e, vira e mexe, aparece alguma coisa velha te atormentando, minando seus sonhos e suas forças e mudando o rumo de seus esforços.
   Vou aprofundar ainda mais a discussão: em alguns casos, será necessário perder, não apenas coisas, mas também pessoas. Sim, perder pessoas que entraram em nossas vidas. Não que isso seja faltar com a consideração com as mesmas, mas sim afirmar e entender que cada pessoa precisa seguir o rumo de sua vida. E o rumo da vida de muitas pessoas é fora da realidade de outras pessoas. Há pessoas que participam de nossa vida por um tempo breve, porém, precisamos nos desapegar das mesmas, precisamos estar em paz com elas porém, cada um no seu caminho.
   Perder ou ganhar? O que é mais importante? Ganhar é algo que fazemos praticamente todos os dias. Ganhamos novo dia, novos minutos, novas oportunidades. Porém, perder é uma atitude que temos que escolher. Nosso corpo precisa perder o gás carbônico armazenado internamente, para que o oxigênio puro possa ser absorvido novamente pelos pulmões. Aquela lei da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço vale para outros conceitos que não o mundo físico também. Ela vale para os valores, sentimentos e emoções. Dois valores opostos não podem permanecer em uma mesma pessoa ao mesmo tempo. Sentimentos antagônicos também não podem conviver harmonicamente dentro de nós.
   Portanto, meus caros, é isso que afirmo: precisamos aprender a perder muitas coisas antigas existentes em nossa vida. Elas impedem que outros conceitos e valores apropriados venham a fazer parte de nós. Vamos compreender essa necessidade e abrir mão de algo que está conosco há um bom tempo, mas só tem nos atrapalhado. Você topa fazer isso? Então, demos as mãos e vamos fazê-lo!

Helvécio

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