Pense bem: nós emitimos várias palavras por dia, para várias pessoas com as quais nos relacionamos. Pensando em termos de fabricante e consumidor, nós somos fabricantes de palavras. A matéria-prima de nossas palavras são os pensamentos que se formam em nosso cérebro. E eles se formam de uma forma vertiginosa, repentina, impetuosa, numa velocidade maior que a da luz. Depois que os pensamentos se formam, vem a parte mais difícil para muitos: exportá-los ao mundo externo.
Muitas pessoas tem uma enorme dificuldade de dizer aquilo que pensam. As duas formas mais conhecidas de fazer isso são: falar e escrever. A fala é a mais utilizada delas. Mesmo porque aprendemos a falar para podermos nos relacionar em nosso clã, família e sociedade. A escrita já é algo aprendido de forma mais formal, com regras e modelos. Porém, não menos importante que a fala, a escrita é algo que nos ajuda muito a refletir, pois enquanto lemos, nosso cérebro processa infinitas informações, compartilhando o que lê com o que está armazenado em seu interior. A partir dessa combinação, nossas idéias, valores, modo de pensar e raciocínio vão trabalhando em comum para nos levar a determinadas conclusões sobre nossa vida e nosso comportamento.
Com base nesse raciocínio, quero lançar aqui um desafio em relação às palavras que emitimos. Pense que você é um fabricante de palavras. Quando uma palavra sai da sua boca, você a está vendendo ao cliente mais próximo de você, que pode ser seu filho, sua mãe, sua esposa, seu colega de trabalho ou quem quer que seja. E nesse sentido, como um fabricante de palavras, que são um alimento, pergunto a você: seu produto é comestível? Você fabrica algo que as pessoas conseguem digerir bem? Ou suas palavras são de difícil interpretação? As pessoas pedem pra você repetir o que você disse com certa frequência? Ou elas sempre sorriem quando você diz algo engraçado e prestam atenção quando você diz algo sério?
É muito importante pensarmos nisso, pois passamos boa parte de nossa vida refazendo coisas que fizemos sem pensar e sem construir muito bem. E o produto de nossa boca e nossa caneta é muitíssimo importante. É através de nossas palavras que mostramos às pessoas quem somos realmente.
Quando duas pessoas se conhecem, é através das palavras que tentam mostrar um ao outro o melhor que cada um é e tem dentro de si. E é nesse almoço de palavras um do outro que vão se alimentando e se nutrindo e aprendendo e tomando para dentro de si um pouco do que o outro tem dentro dele. É algo interessantíssimo isso, se pensarmos bem.
A todo momento estamos fabricando palavras. Como estão as instalações de nossa fábrica? Como está o motor que faz gerar tais palavras? Como estão as engrenagens que fazem os eixos girarem? Vamos refletir nisso e lubrificar sempre nossas peças interiores, para que possamos ter uma linha de montagem de palavras melhor que a melhor fábrica de alimentos, pois um dos melhores produtos que existem para nós comermos são palavras, pois estas ficam dentro de nós para sempre quando as comemos com alegria e satisfação.
Repito a pergunta para que a reflexão fique bem entendida: Seu produto é comestível, senhor(a) fabricante de palavras?
Helvécio
Não havia lido esse texto ainda,mas hoje foi o que eu precisava ler,ruminar,ruminar e digerir.Palavras podem ser ditas,escritas,mas se não forem realmente entendidas...não modificam nada...são apenas palavras...E o seu texto pra mim,não vão se tornar apenas palavras,está sendo mais um grande aprendizado,pois
ResponderExcluirvocê domina as palavras não ditas, porém está subordinado aquelas que pronunciou!Desafio aceito,meu produto será comestível!!!Carla Patrícia
Desde o momento em que levantamos, até a hora em que dormimos, fabricamos palavras. A forma como as produzimos, tanto quanto a entrega das mesmas mostra a forma como nos comunicamos. Obrigado.
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