Lá se vai a carroça vazia pela estrada. Passa pela várzea, sobe o morro, desce outro morro. Nhec, nhec, nhec, nhec. O cavalo vai andando e a carroça vai fazendo aquele barulho estranho. Ela chega rápido ao seu destino, porém, não deixa muitas marcas na estrada. Depois de um tempo, ninguém mais lembra que ela passou por ali.
Lá vem outra carroça pela estrada, essa, agora, cheia. Ela vem lentamente percorrendo o seu caminho, silenciosa. Vem deixando marcas firmes por onde passa. Não levanta muita poeira. Não faz barulhos. Prefere entregar sua encomenda no destino correto. Não quer anunciar tanto, quer apenas cumprir seu trabalho.
Por que a carroça vazia faz mais barulho? É muito interessante pensar nisso. O barulho que ela produz é causado por uma menor pressão em todos os seus componentes. Uma carroça vazia sofre um peso menor. Os parafusos e engrenagens ficam mais livres. Eles não são pressionados a ficar mais quietos. Eles se mexem mais. Batem uns nos outros. Basta um pequeno buraco, para que um grande barulho se faça.
E por que a carroça cheia é mais silenciosa? O motivo é justamente o contrário. Ela carrega um conteúdo que faz pressão nela. Está ocupada. Suas engrenagens estão sob pressão. Precisam ficar em seus lugares, cumprindo seus papéis. Não têm tempo de ficar se batendo. Precisam ser firmes.
Será que é possível fazer uma comparação da carroça com os seres humanos? Que tipo de carroça queremos ser? Uma vazia ou uma cheia? E, mais ainda: quando você vir alguém fazendo muito barulho, reflita. Ela pode ser comparada a uma carroça vazia? Pode ser que sim. Carroças cheias apenas transportam seu conteúdo ao local correto, não ficam espalhando coisas por aí.
Pensemos nisso. Carroça vazia.
Helvécio
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