SERÁ QUE A GENTE CONSEGUE?

   Não sei de onde vai vir a inspiração, disse Anelise. Ela e Antonella estavam sentadas quando as chamei para construirmos esse texto. Pensativas, elas hesitaram de início. Porém, depois de alguns minutos pensando, gostaram da idéia de serem, não apenas protagonistas, mas, também, co-escritoras.

   Vamos lá, disse eu. Vocês são meninas muito inteligentes e tem criatividade. Sobre o quê vamos escrever? Perguntei. Anelise disse assim: você poderia incluir no texto a idéia de relacionamentos, amores não correspondidos ou amor platônico. Disse isso por terem acabado de cantar a música "Someone like you", de Adele. Eu concordei com a idéia e sugeri a elas que tentassem buscar insumos para produzirmos o texto.

   Pensando nisso, fomos analisar a letra da música. Ela fala de uma garota que reencontrou involuntariamente um antigo amor. Ela descobriu que ele estava estabilizado e havia se casado. A pessoa com quem ele se casou deu a ele coisas que ela não pode dar. Ela esperava que ele olhasse para ela e visse que ela não se esqueceu do que houve entre eles. Porém, eles jamais poderiam reviver isso. A esperança dela seria encontrar alguém como ele e, também, ela não desejaria nada além do melhor para ambos. Porém, que ele não se esquecesse dela, isso seria uma súplica dela a ele.

   Fazendo um comparativo desse caso com a vida real, podemos analisar que isso não é algo isolado. Existem muitas pessoas passando por situações semelhantes. Por exemplo, uma garota descobre que seu namorado interessou-se por outra menina e o coração dele está dividido entre elas. Ela pressentia que isso viria a acontecer. Então, ela foi até ele e conversou sobre o assunto. O garoto acabou confessando que ela estava certa. Todos diziam a ele para deixá-la e ficar com a outra. Porém, ele pede que ela fique tranquila e diz que nunca deu ouvidos ao que os outros diziam e que seu desejo seria ficar com ela. Contudo, ao ficar indignada pelo fato de ele não ter contado antes, ela decide terminar a relação. Um tempo depois, ela descobre que ele está namorando, que está feliz e, de certa forma, ela se arrepende de ter terminado com ele, pois a felicidade que ele sentia nesse momento poderia estar sendo compartilhada com ela. Mas, ela vê que nada daquilo voltaria, ficaria apenas na lembrança. Após refletir melhor, ela decide seguir seu caminho e partir para outra.

   Outro caso interessante é o amor platônico, vivido intensamente entre Kimberly e Gustavo Henrique. Através do microblog "tumblr", eles se conheceram e começaram a trocar idéias e experiências. Depois de tantas conversas, descobrem que estão apaixonados. Porém, a distância entre eles é o que mais sufoca seus corações. Ela era americana e vivia em Tóquio e ele morava em uma pacata cidade goiana, no interior do brasil. A cada vez que eles se falavam, a vontade de se conhecerem tornava-se mais e mais intensa. Depois de alguns anos vivendo esse amor, o garoto completa vinte e um anos e toma coragem. Decide ir ao encontro de sua amada. Ao encontrá-la no aeroporto, ele recebe uma dupla surpresa: ela está acompanhada de seu filho mais novo e o abraça com um carinho enorme de amizade. Ele, então, hesita por alguns instantes em continuar ali naquele lugar. Após pensar melhor, resolve ficar, conhecer a realidade de sua amada e aproveita para conhecer a imensa cidade japonesa. Depois de cair em si e ver que a realidade não mudaria, ele resolve voltar solitário ao seu ninho. Porém, ela jamais iria desaparecer de seus sonhos.

   Refletindo sobre esses casos imaginários, podemos concluir que, se você está num relacionamento, ama essa pessoa e é correspondido, viva isso intensamente. E perdoe, quando for necessário, antes que tudo se acabe e você se arrependa amargamente mais tarde. Se estiver vivendo um amor platônico, ou sofrendo por um amor não correspondido, faça o seguinte: reconheça que a vida não é um filme e você só tem uma chance para acordar e, antes, de mais nada, ser feliz consigo mesmo para depois procurar e, quem sabe, encontrar alguém que pode estar muito mais próximo do que você imaginava.

Personagens:

Anelise (Estefânia Peixoto)

Antonella (Gabriela Cleide)

Eu (Helvécio Braga)