segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

SOCIEDADES ORGANIZADAS OU DESESPERADAS?

Quando a maioria dos brasileiros viviam no meio rural, bem antes das cidades serem centros desenvolvidos, organizados, com toda a estrutura administrativa, econômica e política que existe hoje, nem de muito longe se imaginava que a urbanização pudesse chegar ao ponto que estamos. A mente das pessoas estava concentrada em valores ignorados hoje. Elas tinham tempo de sentir o ar puro, dormiam cedo, faziam várias tarefas braçais, visitavam os vizinhos nas outras fazendas, conversavam calmamente sentadas na caldeira do alpendre, criavam vários filhos, dando a atenção que cada um deles precisava, cultivavam a terra, plantando a semente e esperando o fruto crescer e amadurecer para ser colhido.
Especificamente no Brasil, o êxodo rural aconteceu de maneira mais intensa a partir da década de 1950. Segundo o IBGE, em 1940, a população urbana era de cerca de apenas 30% dos brasileiros. Em 1970, esse número já era de cerca de 55,9%. O desenvolvimento industrial alavancou a ida da população para as cidades. De acordo com o Censo de 2000, a população urbana era de 81,2%. Já, no último Censo, em 2010, os moradores das cidades já são 84,3%.
Esses números trouxeram a tiracolo vários outros que alteraram o panorama brasileiro de qualidade de vida. A quantidade de filhos por lar diminuiu, a mulher passou a ter influência e participação direta no mercado de trabalho, o Brasil industrializou-se, os aparelhos eletro-eletrônicos trouxeram um estilo de vida totalmente diferente aos lares e as diversas mudanças sociais permitiram que as drogas e a violência invadissem com força o seio das famílias.
O retrato atual da situação brasileira é extremamente triste. Até em cidades médias o índice de violência tem crescido de forma assustadora. Em Anápolis, por exemplo, o número de homicídios cresceu cerca de 75% em 2012, sendo registradas mais de 153 mortes. Em 2011 esse número foi de 86, segundo a Secretaria de Segurança Pública. Evidentemente que a cidade tem crescido em número de habitantes, porém, esse índice é muito menor do que o do crescimento da violência. Portanto, deve ser estudado o fenômeno que tem ocorrido e que é o principal causador desse desequilíbrio social.
É sabido que esta circunstância do mergulho de muitas crianças e adolescentes no mundo das drogas é um reflexo da realidade interior dos lares, nos quais o diálogo, o carinho, a conversa, a proteção, o acompanhamento paternal e tantos outros fatores desapareceram. Além disso, a inércia de muitos pais, imaginando que tal evento não irá acontecer em suas casas, permite que essa praga se alastre ainda mais. Aliado a isso tudo, existe a questão governamental, na qual as administrações públicas não conseguem conter o avanço das quadrilhas e dos traficantes que se alastram principalmente nas periferias das cidades.
Diante deste quadro horripilante, o que nós, brasileiros, devemos fazer? Com certeza a atitude correta não deve ser a que mais tomamos, que é ficar passivos diante de tudo isso. Por incrível que pareça, apesar de todos esses índices terríveis, o fato de estarmos fechados em segurança dentro de nossas casas nos traz uma falsa imagem de proteção, o que nos leva a acreditar que não precisamos nos preocupar tanto com isso. É necessário que façamos uma reflexão mais profunda a respeito do assunto. Com certeza não desejamos que a violência cresça em nossas cidades, muito pelo contrário. Porém, para isso, precisamos, antes de tudo, nos unir como sociedade. Após isso, discutir com as famílias mais atingidas o problema, unir as polícias na questão, o governo e a sociedade organizada. As atitudes mais veementes surgirão, com certeza, de toda essa articulação humana. Mesmo que elas não tragam resultados em curto prazo, a médio e longo prazo haverá respostas e desejamos que sejam definitivas.

Helvécio

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