quarta-feira, 24 de abril de 2013

CONHECENDO A IDENTIDADE DAS PESSOAS - Parte 2

   Continuando a explorar o assunto abordado na parte 1, vamos procurar enfatizar mais alguns detalhes importantes sobre as motivações e atitudes das pessoas.
   O título deste texto dá a entender que é possível conhecer a identidade das pessoas. Sim, isso é possível, porém, de que forma? É sobre isso que iremos tratar nesta segunda parte.
   Fizemos um paralelo entre as motivações e as atitudes de uma pessoa. Dissemos que, para motivações iguais, haverá atitudes semelhantes. Motivações ruins, atitudes incorretas. Motivações nobres, atitudes corretas. E o inverso também é verdadeiro, ou seja, quem pratica atitudes incorretas tem motivações ruins e quem pratica atitudes corretas tem boas motivações.
   Bem, observando essa correspondência entre as motivações e as atitudes, podemos partir para a parte de conhecer a identidade das pessoas. E, nesse ponto, precisamos dividir a observação em duas partes. Observar as características externas e as internas de uma pessoa. É muito comum pessoas serem enganadas por sujeitos bem trajados e de boa aparência. Neste caso, o engano aconteceu porque quem foi enganado observou apenas o lado externo da pessoa e não se preocupou em observar o lado interno.
   As características internas de uma pessoa não são tão difíceis de se observar, como muitos podem pensar. É isso mesmo. Não é necessário fazer uma dissecação da alma de uma pessoa para compreender suas intenções. O que é necessário é observar suas atitudes durante um certo tempo. Sim, observar o que ela pratica vai nos mostrar quem ela é por dentro. Pegando o gancho do que vimos na primeira parte, uma pessoa que tem boas motivações irá praticar boas atitudes. Ou seja, quando vemos uma pessoa praticar más atitudes, podemos inferir que ela tem valores perniciosos internamente. É assim que começamos a conhecer a identidade das pessoas.
   Evidentemente, não é possível conhecer na totalidade a alma e os valores de uma pessoa. Porém, isso não é necessário e nem é o nosso objetivo na exploração deste tema. O que queremos, aqui, é mostrar que é possível conhecer razoavelmente bem a identidade das pessoas.
   Vamos tomar alguns exemplos para compreendermos melhor o assunto. Suponha que você está numa roda de pessoas conversando amigavelmente, onde todos dão sua opinião de forma democrática. De repente, chega uma pessoa falante, eloquente, que toma o espaço e começa a falar mais que todos os outros e monopoliza o tempo e a situação. Se observarmos bem, poderemos compreender a identidade desta pessoa. Caso ela esteja falando de forma imperativa, como que dando ordens aos outros, querendo influenciar os que estão no grupo, ela, provavelmente, tem a tendência de ser uma pessoa autoritária. Isso porque as pessoas autoritárias tem essa motivação interior, que diz a elas que precisam influenciar os outros, pois suas ideias são, em geral, melhores que as dos outros e que ela precisa estar numa posição superior aos demais. Desta forma, podemos conhecer a identidade autoritária desta pessoa a partir das atitudes praticadas por ela, que foram a eloquência e a tentativa de influenciar os demais.
   Tomando outro exemplo. Uma criança que não consegue se entrosar bem com o grupo de colegas de sua classe na escola. Ela sempre fica em um canto isolado, conversa pouco, tem vergonha de responder às questões feitas pelos professores e mostra-se pouco sociável. É bem provável que esta criança esteja com problemas pessoais em casa, no seio de sua família. Em alguns casos, pode-se identificar que crianças que sofreram atentado violento ao pudor ou de abuso sexual comportam-se desta maneira. Neste caso, estaremos identificando não a identidade da criança, mas sim conhecendo a raiz dos problemas pelos quais ela deve estar passando a partir da observação do seu comportamento. Ou seja, em outras palavras, estamos conhecendo, pelo menos parte, do comportamento de seus pais e familiares.
   Outro exemplo: em relacionamentos, é muito comum mulheres serem enganadas por homens que tem uma capacidade grande de convencimento. Algumas mulheres tem a tendência de acreditar que vão encontrar homens maravilhosos, com os quais irão constituir uma família e seu futuro será brilhante. Evidentemente, isso é bem possível que aconteça, dependendo das atitudes e do círculo de amizades que esta mulher procurar. Porém, há muitos casos em que esta mulher conhece homens que tem outras intenções perniciosas e acabam convencendo-nas de que eles são bons sujeitos. Porém, depois de enganá-las e aproveitar da situação por um bom tempo, acabam revelando sua real identidade. O que ocorre, neste caso? É simples. A mulher não conseguiu descobrir a real identidade do sujeito pelo fato de que ela não procurou observar suas atitudes e fazer uma correspondência com as prováveis motivações. Um sujeito com más intenções e que quer enganar uma mulher irá praticar atitudes bem características, a saber: irá fazer promessas mirabolantes, irá comportar-se como um gentleman, talvez um Dom Juan, um conquistador, alguém que sabe como lidar com uma mulher, como cativá-la, vai contar histórias incríveis de aventuras onde ele precisou usar suas enormes capacidades para vencer obstáculos e vai dizer que venceu todos eles, obviamente. Ou seja, o sujeito vai fazer de tudo para provar que ele é o que na realidade não é. É como foi dito no início da primeira parte, "Quem é não precisa provar que é, mas quem não é vive tentando mostrar algo que não é." E é nesse ponto que muitas mulheres caem na cilada, pois a alma feminina tem uma capacidade de ceder a esse tipo de conquista, onde o conquistador aparece de repente, parecendo ser aquele príncipe maravilhoso que é citado nos contos de fadas e com o qual muitas mulheres sonham em se casar. Só que esse sujeito não existe, mesmo que muitas destas mulheres não queiram acreditar. Um sujeito honesto não irá contar histórias mirabolantes, nem fazer promessas gigantescas, pois ele é simplesmente realista e verdadeiro, sendo apenas a pessoa comum que é, ainda que tenha valores muito nobres dentro de si próprio.
   Em relação ao comportamento de pessoas honestas, vale salientar um ponto importante. A honestidade é passada de geração para geração, muito mais pelas atitudes do que pelas palavras. Um filho que cresce vendo o pai e a mãe serem pessoas de bom caráter, que honram seus compromissos e que procuram fazer o bem ao próximo, irá aprender isso sem precisar ouvir tantos sermões falando sobre esse assunto. Ao ver essa prática constante por seus pais, e compreender a importância disso na sociedade, ele automaticamente entenderá  que essa motivação deve ser tomada como regra para a vida dele. Desta forma, a absorção e a adoção disso por parte deste filho acontecerá e ficará sedimentada em seu interior. A partir disso, as atitudes praticadas pelo mesmo só poderão ser correspondentes a essas motivações, ou seja. Ele será um indivíduo que terá atitudes nobres, pois suas motivações internas são tão nobres quanto.
   Partindo deste princípio, podemos dizer que, para conhecer a identidade de uma pessoa, o passo inicial é observar calmamente suas atitudes, pois elas são um espelho do que existe dentro dela. Motivações nobres, atitudes também nobres. Motivações pobres, atitudes paupérrimas. Por enquanto é isso, pessoal.

Helvécio

continua em um texto posterior

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