quarta-feira, 5 de junho de 2013

PERMISSIVIDADE OU INTOLERÂNCIA ?

   Nos mais diversos aspectos de nossa vida, encontramo-nos com dois extremos, que nos fazem viajar de um lado ao outro em poucos segundos. Nas mais diversas análises que fazemos sobre vários assuntos, encontrar um ponto de equilíbrio é, quase sempre, trabalhoso.
   Analisando a questão de permitir tudo ou proibir tudo, nos encontramos em questões muito delicadas. O melhor exemplo para analisarmos isso é em relação à educação infantil. 
   Durante várias gerações de nossos antepassados, a intolerância era a tônica da educação das crianças. Além do machismo que imperava, do conservadorismo, da falta de informações que era geral, as crianças não podiam quase nada, principalmente nas famílias tradicionais, nas quais o pai era sempre um ditador. Os filhos tinham que ouvir as instruções calados e deveriam obedecê-las, sob pena de levar uma surra caso não o fizessem.
   Nas gerações atuais, o que ocorre é justamente o contrário. A permissividade anda solta em boa parte das famílias, talvez na maioria delas. A quantidade de informações que é oferecida pelas várias mídias para todas as idades, os filhos que já acessam a internet com poucos anos, os órgãos de defesa dos direitos humanos cerceando toda e qualquer forma de punição das crianças, a impunidade, tão desejada aos criminosos que nunca ocorre, as drogas deteriorando a qualidade de vida das crianças e adolescentes e minando o seio familiar, além de várias questões tão difíceis, são exemplos da realidade hodierna.
   Muito bem, se formos analisar esse antagonismo na forma de educar, sendo ou permissivos ou intolerantes, iremos refletir muito sobre a eficácia de um e outro método. E, mais ainda, iremos refletir em qual seja o ponto de equilíbrio ideal entre esses dois extremos.
   A primeira reflexão diz que atualmente não seria possível usar os métodos tradicionais de nossos pais ou avós, que era a realidade de quarenta ou cinquenta anos atrás. Seria impossível manter um relacionamento sadio com as crianças se elas simplesmente tivessem que obedecer às instruções de seus tutores sem questionar qualquer ordens. Aliás, isso nem seria o correto, pois alguns questionamentos que nossos filhos fazem a nós, levam-nos a refletir no motivo pelo qual queremos obrigá-los a fazer determinadas tarefas. Muitas vezes queremos forçá-los a isso apenas porque nossos pais faziam o mesmo conosco. Portanto, essa tese perde sua sustentação.
   Por outro lado, a permissividade é uma prática extremamente danosa, tendo em vista que várias questões degradantes atualmente surgiram no momento em que as pessoas descobriram que não seriam punidas caso praticassem atos considerados ruins. Uma dessas práticas é o consumo de drogas. O fato de não se poder punir alguém que consome entorpecentes faz com que, cada vez mais cedo, as pessoas "enfiem a cara" em drogas cada vez mais terríveis e tenham suas vidas dilaceradas cada vez mais cedo. O exemplo mais forte disso é o crack, que tem sido a principal causa da destruição, não só dos viciados nele, mas da desagregação familiar que é fortíssima..
   Desta forma, que conclusão podemos tirar deste cenário bipolar? Permitimos ou proibimos? Ensinamos e obrigamos ou deixamos que aprendam com os próprios erros? Há uma variável que ainda não foi colocada em pauta. É a questão do diálogo, do ensino, da instrução, da conversa que os pais devem ter com os filhos, do tempo que precisa ser gasto com eles.
   Proibir ou permitir pode ser facilmente visível pelas crianças de acordo com o nível de conhecimento do assunto que elas tiverem. Por exemplo, não é necessário proibir uma criança de levar a mão ao fogo depois de certa idade. Ela já sabe que a mão vai queimar caso ela o faça. Também, não precisamos permitir que uma criança vá ao banheiro para fazer suas necessidades, pois o próprio nome já diz: isso é inerente ao seu organismo.
   Então, o que devemos fazer? Ou seja, que reflexão mais profunda podemos fazer sobre todos esses temas? A principal questão é encontrar o ponto de equilíbrio. Simplesmente não há uma receita de bolo, a qual diga que devemos ter, por exemplo, trinta por cento de proibição e setenta por cento de permissividade. Isso não é fixo e nem é uma questão matemática, nem objetiva. Para cada situação há uma forma correta de agir. Há crianças mais agitadas que precisarão ser mais controladas em algumas questões. Já, há outras tão tímidas que precisarão de muito mais do que serem permitidas a fazerem determinadas coisas, elas terão que ser incentivadas a isso.
   A palavra correta que trará as respostas a cada família chama-se relacionamento. Quanto mais forte for o relacionamento dos pais com os filhos, mais claro ficará que atitudes tomar em determinadas situações. Quanto mais estreita essa relação, mais rápido os pais saberão o que fazer. E o principal ponto que evidencia-se a partir desta conclusão é algo tremendamente forte, que nos leva a refletir, antes de tudo, em nossa vida adulta. O tempo gasto com nossos filhos tem sido cada vez menor. E, quanto menor esse tempo, mais distante é o nosso relacionamento com eles. Essa talvez seja a principal variável a ser analisada. Se queremos encontrar o ponto de equilíbrio para educarmos nossos filhos, precisamos conhecê-los. E, para conhecê-los, precisamos gastar tempo com eles. E, para fazê-lo, temos que renunciar algumas atividades, talvez as que mais gostamos. Na realidade, acabamos descobrindo que esta não é uma questão externa, não é a forma como olhamos para nossos filhos e agimos com eles. É, muito mais, uma questão interior, na qual decidimos se renunciamos nossa vida para viver um pouco mais a vida de nossos filhos enquanto eles necessitam de nós ou se, simplesmente somos mais egoístas e os deixamos aprender algumas coisas sozinhos ou com os avós ou com outras pessoas com as quais não deveriam aprender nada.
   Entretanto, não haveria outra solução mais bonita? Com certeza sim. Basta que não deixemos de fazer o que gostamos. Precisamos apenas envolver nossos filhos em todas as atividades onde isso é possível, para que eles desfrutem das alegrias conosco. Nas demais, vamos ensinando-os e permitindo que eles encontrem seus próprios caminhos de acertos e erros. Não nos esquecendo de que, periodicamente, é necessário avaliar o aprendizado que eles estão tendo quando não estão juntos a nós. Provavelmente esse é o equilíbrio que poderá trazer várias respostas a nós. É um pouco do que as famílias com vários filhos faziam antigamente, onde os filhos já ajudavam os pais nas tarefas domésticas logo que possível e ainda ajudavam a criar os filhos mais novos. Era uma escola em casa, ao vivo, em cores e bem mais na prática do que na teoria. O aprendizado era instantâneo.
   Permissividade ou intolerância? Deve ter ficado bem mais fácil de responder agora.

Helvécio

Um comentário:

  1. Muito bom texto,e requer uma profunda reflexão: Em se tratando de educação de filhos, o que seu filho mais precisa é de você. Não dá para ser pai e mãe por correspondência ou só por telefone. Educar é relacionar. Relacionar gasta tempo, energia, paciência, negação de si mesmo; e por outro lado; produz caráter, alegria, equilíbrio, saúde, felicidade.Acho que está ,é com certeza ,a geração mais abandonada de todos os tempos.E como você bem disse tem que haver equilíbrio,regras,rotinas não existe uma receita pronta!E o que me deixa preocupada é que muitos pais tem educado seus filhos somente para o sucesso financeiro. Realmente nossos valores estão se invertando.Hoje o que vale é ter mais e nem tanto ser mais.Precisamos entrar em estado de alerta!A Bíblia diz:Não imitem a conduta e os costumes deste mundo,mas seja , cada um,uma pessoa nova e diferente,mostrando uma sadia renovação em tudo quanto faz e pensa.E assim vocês aprenderão,de experiências própria,como os caminhos de Deus realmente satisfazem vocês .Romanos 12:2Siga os preceitos de Deus e Ele lhe trará satisfação verdadeira

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