DIA 28 DE AGOSTO DE 2013 - 50 ANOS DO FAMOSO DISCURSO DO
Pr. Martin Luther King Jr
DISCURSO - I HAVE A DREAM - EU TENHO UM SONHO (Vídeo e transcrição da tradução)
PARTE I
"Estou feliz por unir-me a vocês hoje,naquilo que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nosso país. Há cem anos, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinava a Proclamação da Emancipação. (Abraham Lincoln)
Esse decreto fundamental veio como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora de júbilo, para terinar a longa noite do seu cativeiro.
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do negro é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos depois, o negro vive numa ilha isolada da pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro ainda definha nos cantos da sociedade americana, e se encontra exilado em sua própria terra.
Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizarmos uma condição vergonhosa. De certo modo, nós viemos à capital do nosso país para descontar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória da qual todo cidadão americano se tornaria herdeiro. Essa promissória era uma promessa de que todos os homens, sim, negros, bem como os brancos, teriam garantidos os inalienáveis direitos à vida, à liberdade e à procura de felicidade.
É óbvio que hoje, que a América tem negligenciado essa promissória, no que diz respeito aos seus cidadãos de cor, em vez de honrar esse compromisso sagrado, a América deu ao povo negro um cheque sem fundos; um cheque que foi devolvido com a insrcição de "saldo insuficiente".
Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça esteja falido. Nós nos recusamos a acreditar que haja "saldo insuficiente" nos grandes cofres de oportunidade deste país. E assim, nós viemos descontar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Nós também viemos a este lugar sagrado para lembrar à América da tremenda urgência do presente. Esta não é a hora de se lançar à luxúria do abrandamento, ou para se tomar a droga tranquilizante do gradualismo.
Agora é a hora de tornar reais as promessas da democracia. Agora é a hora de nos erguermos do vale escuro e desolado da segregação, para um caminho iluminado da justiça social. Agora é a hora de erguer o nosso país das areias movediças da injustiça racial para a rocha sólida da fraternidade. Agora é a hora de fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus. Seria fatal para o país ignorar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos negros, não passará até termos um outono renovador de liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo.
Aqueles que esperam que o negro só precisava desabafar, e que a partir de agora ficará sossegado, terão um violento despertar se o país regressar à sua vida de sempre. Não haverá tranquilidade nem descanso na América até que o negro tenha garantidos todos os seus direitos de cidadania. Os turbilhões de revolta continuarão a sacudir as fundações do nosso país até que desponte o luminoso dia da justiça.
Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se encontra no caloroso umbral que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquista do nosso legítimo lugar, não devemos ser culpados de ações injustas. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio. Sempre temos que conduzir nossa luta no alto nível da dignidade e da disciplina. Não devemos permitir que nosso protesto criativo se degenere em violência física. Repetidamente, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma. A maravilhosa nova militância, que se entranhou na comunidade negra, não deve nos levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos de nossos irmãos brancos, como é claro pela sua presença hoje aqui, se deram conta de que os seus destinos estão ligados ao nosso destino. Eles se deram conta de que sua liberdade está intrinsecamente ligada à nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos."
FIM DA PARTE I
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