domingo, 8 de março de 2015

O BEM TEM QUE VENCER O MAL



    Certa vez, vendo um determinado programa de televisão, vi o apresentador dizer algo extremamente interessante. Ele dizia que nos filmes americanos (norte-americanos), o mocinho sempre vence. E que nos filmes brasileiros, o sujeito bom sempre se dá mal. Vendo e ouvindo aquilo, fui refletir. Não deixei passar aquela oportunidade de pensar sobre o que se passa na cabeça dos cineastas, dos escritores, dos autores de novelas, de peças de teatro, de músicas, de obras artísticas etc.
    E o turbilhão de pensamentos, recordações, inferências, divagações, tentativas de compreensão, enfim, conclusões que me ocorreu, foi algo que me deixou totalmente estarrecido. Fiquei completamente arrasado por fazer parte de uma sociedade que produz e aceita tamanhas falácias e incongruências. Comecei a entender um pouco porque nosso país está se afundando em tamanhos escândalos, corrupções, desvios de verba, contratos fraudados, favorecimentos ilícitos, dentre tantos elementos que vem corroendo o cerne de nossa nação.
    O Brasil precisa entender que o bem tem que vencer o mal. Porque o bem é bom e o mal é ruim. E o que é bom traz tudo o que é bom para todos.  E o que é ruim traz tudo o que é mal para todos. A saúde é boa para o corpo e para a alma. A saúde traz a vida, a esperança, a expectativa, a firmeza dos ossos, a rigidez dos músculos. Por outro lado, a doença é má para o corpo e para a alma. A doença traz a morte, o desespero, o desânimo, a fraqueza dos ossos, a flacidez dos músculos. A mentira prejudica a todos. Prejudica o mentiroso e prejudica o enganado. O mentiroso pensa que está ganhando com a mentira, porém ela vai traí-lo em uma curva futura de sua vida. E o enganado perde tempo precioso de sua vida acreditando em uma pessoa não confiável. A trapaça prejudica o trapaceiro e o trapaceado. O trapaceiro pode lograr alguma vantagem em curto prazo, porém, outro trapaceiro maior que ele o subjugará em um momento futuro. E o trapaceado é sempre o maior prejudicado, pois confiou seus bens e sua credibilidade a alguém que não merecia. Quem pratica o famoso jeitinho brasileiro acha que está levando uma vantagem e que isso será bom para ele. Porém, ele será o primeiro a reclamar quando outro levar vantagem às suas custas. Portanto, o mal sempre trouxe e sempre trará o que é ruim. E muitos já não acreditam tanto nisso, porém, precisam refletir. E o bem sempre trouxe e sempre trará o que é bom. Por outro lado, muitos, também, já não acreditam tanto nisso. Precisam refletir, também.
    Nos filmes brasileiros, o mal vence o bem. O roubo vence a honestidade. A trapaça vence a sinceridade. A mentira vence a verdade. O conluio vence o acordo honesto. A penumbra vence a clareza. A obscuridade vence a transparência. A procrastinação vence a celeridade. A discórdia vence a união. A dúvida vence a certeza. A traição vence a lealdade. A esperteza vence a corretude. A astúcia vence a bondade. E isso só é retratado nos filmes porque essa é a realidade em que acreditam ou a que desejam projetar para o nosso país. Sim, pois ninguém expõe de forma tão nobre um projeto no qual não se crê. As pessoas expõem à sociedade aquilo em que acreditam. Principalmente quando o retratam com efeitos especiais, com atores mais que famosos e com lançamentos nacionais ou mundiais. Ninguém seria tão demente a ponto de fazer tamanha demonstração de credibilidade se estivesse divulgando um projeto falido.
    Então, vejamos: por que é que nas novelas brasileiras uma pessoa correta não pode ser vitoriosa? O que impede tantos autores de publicarem nas telas de cinema um país onde um estudante esforçado trilha uma carreira promissora e consegue vencer de forma brilhante na vida? Ainda que a nossa realidade não esteja desta forma e que o caminho que precisamos trilhar para chegar nesse objetivo seja longo, por que não desejar o sucesso dos bons? E por que não premiar os que se esforçam, os que dão seu sangue pelo trabalho, os que procuram ter uma vida correta? E por que as mesmas pessoas que se omitem quando deveriam projetar o bem para o nosso país são os primeiros a reclamar quando as coisas não dão certo? É justamente esse espírito altruísta, desapegado, que pensa em longo prazo, que não vive apenas por viver, mas que deseja construir uma história nessa única vida que temos, que precisamos incorporar em nosso viver. E isso não é uma fala religiosa. É algo totalmente racional, o qual precisamos entender. Afinal, como nossas crianças irão crer que os ensinamentos de corretude que aprendem nas leis e nos manuais de bons costumes ou nos conselhos de pais, avós e pessoas próximas, ou nas igrejas que frequentam, ou nas escolas que estudam as tornarão vitoriosas, se o que elas vêem no país, em tempo real, ao vivo ou em programas gravados, ou em telonas ou telinhas, ou mesmo na boca e nas atitudes de seus pais, colegas, irmãos, parentes ou amigos, é a mais pura definição de incredulidade e de não corretude?
    Se nossas crianças são o futuro de nosso país, e queremos um país bom, cheio de coisas, fatos, conceitos e práticas boas, precisamos projetar na mente dos hoje infantis, tudo e mais um pouco de tudo o que é bom. Com toda a certeza, se o nosso país não está ou não é tão bom hoje, grande parte desta consequência tem origem nas sementes que foram plantadas em nossos avós, pais e em nós mesmos. O que se planta hoje será colhido nas próximas gerações. Talvez na terceira ou quarta. Ou até mesmo na décima. Mas o fato é que toda semente plantada irá, primeiro, morrer, como o grão de trigo, depois irá germinar, crescer, tornar-se uma planta forte, adulta, e então, dará os seus frutos.
    Quais frutos queremos que as gerações futuras colham, frutos bons? Com certeza todos dirão que sim! Portanto, temos que semear os grãos destas sementes do bem. E isso só poderá ser feito a partir de uma atitude muito simples: tomando consciência de que o bem tem que vencer o mal. Porque o bem é bom e traz tudo o que é bom para todos. Vamos projetar filmes, novelas, peças, livros e tudo o mais (inclusive a realidade) com enredos onde o mocinho (o bom sujeito) sempre vence. Desta forma, nossas crianças desejarão ser os futuros mocinhos. E o vilão sempre sairá derrotado. Certo? Que bom!

Helvécio

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