Geralmente, problemas são coisas das quais fugimos, quando podemos. Quando não, somos obrigados a resolvê-los para que possamos seguir nossa vida. Porém, o que de forma alguma desejamos é criá-los. Porém, a mente humana é finita em muitos aspectos. E um deles é a incapacidade de arquitetar o futuro. A presciência é um atributo que apenas o Criador tem, não nós.
O capitalismo é uma teoria que tornou-se aplicada ao Ocidente de forma compulsória, após o mesmo criar na sociedade um formato de vida dinâmico e entusiástico. O cidadão saía do anonimato financeiro para tornar-se um bem sucedido empresário. Isso fazia e faz com que o poder "suba" para a cabeça, modificando a percepção em relação a algumas realidades.
Uma delas é de que o planeta em que vivemos é limitado, finito e tem uma série de regras que precisam ser respeitadas. Vejamos alguns exemplos práticos: O cultivo da terra. As técnicas rudimentares de plantio e semeadura não permitiam retirar da terra a sua máxima produtividade. Hoje pode-se ver um sucesso incrível nessa questão. Porém, ao se retirar da terra seus maiores nutrientes, a mesma está sendo literalmente sugada. Após alguns anos, ela vai cobrar aquilo que está sendo retirado dela. E o que irá ocorrer? A infertilização do solo, ou seja: ele tornar-se-á estéril. Esse é um problema causado pelo "sucesso".
Outro exemplo é o transporte. Com a descoberta do petróleo, possibilitou-se o aprimoramento dos motores, que antes eram a vapor e pouco potentes. Os motores à combustão permitiram que se desenvolvessem veículos cada vez mais potentes e velozes. Hoje vemos dois exemplos básicos de problemas graves causados por tabela nesse caso. Os inúmeros acidentes causados pelo excesso de velocidade são os mais vistos. Outro fato é o estrago das rodovias causado pelo excesso de peso dos mega caminhões que trafegam em nossas estradas. Ambos problemas causados pelo "sucesso".
O avanço da tecnologia é outro fator que vem gerando um sério problema: o lixo tecnológico. Baterias de lítio sendo acumuladas. Inúmeras carcaças de monitores e computadores sendo amontoados em vários lugares. Os objetos tornam-se obsoletos de forma muito rápida.
O consumismo move a roda dos negócios e dos países. Porém, poucos param para pensar na real necessidade de se levar uma vida baseada nesse círculo, seja ele virtuoso ou vicioso, como queiram denominá-lo. Por que devemos ter um televisor de LCD de 52 polegadas, se podemos ter um mais simples e menor? Não temos um cinema em casa e muitas vezes ficamos sozinhos em frente a esse aparelho assistindo ao futebol? Como isso pode caber em nossa mente?
Porém, o mais grave dos problemas que podemos registrar é o trânsito nas grandes e médias cidades. Hoje há diversas indústrias que foram criadas devido aos engarrafamentos diários enfrentados por nós pela manhã e à tarde. Caminhões de resgate. Ambulâncias de socorro. Oficinas de reforma de automóveis. Indústrias de helicópteros. Programas de rádio. Repórteres especializados em trânsito. Indústrias de GPS. E algo que assusta, observando de "fora" do problema é que uma grande maioria dos veículos rodam com apenas um ocupante. Isso deveria causar em nós um impacto muito forte, por ver que é um enorme desperdício. Porém, preferimos culpar o governo e as entidades organizadas. Enquanto isso, a frota vai apenas crescendo vertiginosamente. E, quando menos esperamos, levamos aquele enorme susto ao ver a quantidade de carros nas ruas. E, outra vez, vamos culpar o governo por não construir vias expressas e que permitam uma boa fluidez do tráfego.
Meus amigos e minhas amigas, estamos, nós mesmos, criando os problemas que amanhã irão nos fazer tropeçar. Vamos refletir um pouco em tudo o que nos cerca. Não somos apenas executores de tarefas programadas. Essa é a definição de robô. Somos muito mais que isso. Somos seres inteligentes. Capacitados a refletir. Capazes de analisar a nossa realidade. E de imaginar soluções também. Não necessitamos ficar reféns passivos de qualquer sistema que nos prejudique em algum ponto. Temos, no mínimo, que desacelerar e, às vezes, parar. Respirar fundo. Olhar em todas as direções. Vislumbrar para que direção estamos indo. Será que ela é a mais indicada no momento? Fica essa questão para respondermos a nós mesmos.
Helvécio
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