quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Panorama atual da Educação

   A concepção tradicional da Educação, que foi utilizada durante muitos anos, preconizava que o professor é o único conhecedor e, portanto, sujeito do processo ensino-aprendizagem. Ele tem a tarefa de ensinar e o aluno, nesse caso, é o objeto, ou seja, recebe a educação, os conhecimentos transmitidos, pois não os detém.
   Na concepção moderna, o processo sofre modificações estruturais. Não há apenas um sujeito e um objeto. Ambos, professor e aluno aprendem enquanto se relacionam. O professor, obviamente, como maior conhecedor do conteúdo proposto, tem uma participação mais como tutor do aluno. Este, porém, detém conhecimentos importantes e fundamentais para seu aprendizado. Como co-sujeito, o aluno não só participa, como também conduz seu próprio aprendizado, em algumas situações.
   Essa segunda visão é interessante, pelo fato de que retira de uma posição de inferioridade a pessoa do ensinando. Ele é o alvo principal a ser atingido nessa dinâmica toda. Sem alunos, as escolas ficam vazias, os professores ficam sem trabalho, os livros não servem para coisa alguma. A formação de um professor é focada no seu alvo principal, o estudante. O objetivo principal de um educador é estar apto a conduzir uma turma de estudantes que, ao final do processo, sejam capazes, na sua maioria, de cumprir determinadas tarefas que estavam propostas no plano de aula daquele professor.
   Porém, essa modernização trouxe alguns prejuízos graves para toda a sociedade. Uma vez não mais objeto, mas co-sujeito do processo, o aluno ganha um status mais elevado, o qual lhe confere determinadas capacidades legais que antes o mesmo não possuía. O fato de poder participar também como sujeito e de determinar como o ensino será conduzido e, até mesmo, de o conduzir em determinadas etapas, retira do professor uma grande parcela de autoridade dentro da sala de aula. Há um quase nivelamento entre as duas figuras. O professor desce de um status de autoridade máxima para um tutorado. E o aluno sobe de um status de recebedor de conteúdo para aquele que toma a direção do seu aprendizado.
   Isso tudo, somado a vários problemas existentes na sociedade, principalmente nas famílias cujos filhos frequentam escolas públicas, trouxe enormes prejuízos aos pais, estudantes, professores e também à sociedade como um todo. A questão da avaliação, que não é mais taxativa, punitiva, mas sim algo acumulativo, apenas verificador bem condescendente do aprendizado, é algo sério. Não se pode mais reprovar um aluno de forma objetiva, mas devem-se permitir inúmeras oportunidades de que o mesmo acumule pontos de forma a que seja aprovado de alguma forma. Isso é a legalização do afrouxamento do ensino em si. A vida nos avalia. O mundo nos avalia. É algo que os alunos irão enfrentar tão logo deixem os bancos das universidades.
   Parece o maior contrasenso uma forma de educar que aplique um método de avaliação totalmente oposto ao qual aquele que o mercado de trabalho consolidou através das muitas experiências trabalhadas. Numa empresa privada, por exemplo, o profissional que não se destaca, por qualquer motivo, é simplesmente eliminado de possibilidades de continuar se desenvolvendo. Isso quando não é banido de vez do quadro funcional. Numa empresa pública, esse processo é prévio. O indivíduo somente passa a pertencer a um quadro funcional se for aprovado em um concurso público. É uma forma puramente objetiva de se avaliar. E isso ocorre porque não há formas subjetivas de se admitir empregados. Apenas se verifica se o mesmo está apto ou não para o cargo, através de regras estabelecidas em um edital. Puro e simples.
   Além da ambiguidade enorme nessa questão citada acima, há problemas outros mais graves. A autoridade adquirida pelas crianças e adolescentes, a qual lhes foi transferida depois de retirada do professor, traz sequelas muito prejudiciais a todos. O professor não pode chamar a atenção de um aluno, mesmo que ele esteja tendo um mal comportamento. O aluno pode até mesmo chantagear o professor, fazer uma boa dose de bagunça que as mãos do professor estão atadas em muitos sentidos. Ele está impedido de agir com autoridade, ainda que esta seja muito necessária para educar.
   Os pais e/ou a família tem colaborado e muito para que essa degradação moral aconteça. Muitos pais não educam seus filhos em casa, e tampouco se preocupam se os mesmos estão se tornando pessoas melhores ao frequentar determinada escola. Os afazeres diários permitem que esses turores se eximam de determinadas responsabilidades, as transfiram aos professores e, quando for o caso de o aluno ser cobrado, os pais simplesmente não aceitam, sentem-se no direito de confrontarem o professor. Nesse ponto, o aluno, que é quem deveria ser corrigido, torna-se autoridade em errar, em bagunçar, em cabular aulas, em não ter que aprender, em não ter necessidade de se esforçar. O caos se instala e se expande para além dos limites escolares. Daí, temos a complicadíssima situação atual que vivemos.
   Devemos conhecer melhor as realidades existentes ao nosso redor para termos uma boa noção do mundo em que vivemos. O individualismo em que que vivemos nos permite ficar omissos em relação a uma realidade gritante. E se não conhecemos, não podemos opinar e isso tampouco nos sensibiliza. Desta forma, o mal acaba ganhando forças e dificulta ainda mais o trabalho dos órgãos públicos. Não podemos deixar que apenas o governo cuide desse quadro complicado. Precisamos nos mobilizar, nos unir como pessoas que integram uma sociedade. Solicito que possamos refletir sobre isso, caros amigos. Que Deus nos ajude!

Helvécio

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