Há substantivos que, ao lermos, logo notamos um aspecto negativo. Já outros expressam positividade. Alegria, Paz, Amor são exemplos dessa segunda opção. Tristeza, Amargura, Infelicidade fazem parte da primeira.
E como poderíamos classificar o termo Rejeição? Está aí uma excelente pergunta. Vamos entrar no âmago da palavra, procurando descobrir o que o inventor dessa palavra estava sentindo quando a criou, se é que isso é possível.
Provavelmente, se alguém tivesse inventado essa palavra, deveria estar com uma gastrite ou úlcera por sentir-se da forma como se estaria definindo, ou seja, rejeitado. Provavelmente ele iria querer colocar uma dose de sal bem forte embutida na palavra. Além disso, ela seria encorpada com bastante pimenta para que atingisse bem o seu objetivo.
E qual é o objetivo da rejeição? Vamos pensar no que move alguém a rejeitar algo ou alguém para entendermos o que ela causa. Acredito que a principal força motriz da rejeição é a indiferença, que significa total falta de amor neste aspecto. Para dizer um não do tamanho de uma rejeição, a pessoa precisa ter algo dentro de si que a faça dizer: eu não quero, isso não vale nada, eu posso fazer muito melhor, você nunca vai conseguir ser alguém na vida. Esses são alguns exemplos de palavras expressas por alguém que rejeita.
Rejeição. Podemos sentir um pouco do que essa palavra expressa. Ela vai bem na fonte exata onde os sentimentos de uma pessoa começam a se desenvolver, na infância. É sobre esse tipo de rejeição que refletiremos.
É exatamente nesse ponto da vida onde pode-se observar mais a eficácia desse sentimento em ação. Quando uma criança sente-se rejeitada pelos pais, avós, irmãos, primos, parentes em geral ou por alguém próximo, algo terrível desencadeia-se dentro dela.
Podemos dizer que ocorre como que uma cadeia de dominós enfileirados, caindo um após o outro. E quais seriam os nomes desses dominós que representam os elementos na vida desta criança.
O primeiro dominó que cairia seria a segurança. Em seguida cairia a paz. Depois viria a tranquilidade. Logo após, a união, a alegria, o cuidado, a coerência, a paciência, o amor, os sonhos e, finalmente, a esperança.
Caso não ocorra alguma mudança brusca no processo de rejeição de uma criança, todas as fases seguintes da vida dela estarão comprometidas. Há adultos que dizem em relação aos pais: "Eu não posso dar o que não recebi. Não sei o que é amar meus pais;", "Eu nunca tive meus aniversários comemorados;", "Não sei o que é sentir saudades, isso ocorreu tantas vezes que nem sei mais o que é esse sentimento."
Dentro de qualquer relacionamento entra a questão da aceitação ou rejeição. Mesmo que não seja na infância, a rejeição é algo muito forte. Ela funciona como um enorme NÃO escrito em letras garrafais. Não a tudo que vem do outro. Não a sua pessoa. Não ao que ela gosta. Não as suas opiniões. Não ao seu companheirismo. Não ao seu carinho.
Só um sentimento muito poderoso pode amenizar os efeitos de uma rejeição em uma alma, o verdadeiro amor, o amor incondicional. Amar uma pessoa rejeitada significa doar sem receber, oferecer sem querer nada em troca, dar a mão mesmo não sendo correspondido.
Quem sabe com o tempo a pessoa rejeitada perceba pelo menos um pouco que aquela pessoa que a rejeitou estava totalmente errada, sem noção do que fazia, e agora é possível pensar em buscar outro sentido para a vida. É tudo o que é possível fazer... amar.
Helvécio
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