É evidente que, para discorrer sobre a área de psicologia e psicanálise há que ser um catedrático na área, uma vez que existem infinitas nuances, questionamentos, linhas de pensamento, diferentes constatações, dentre outros vários elementos que tangem essa vastíssima área de estudo que envolve o nosso cérebro, nossa alma e nossos sentimentos.
Porém, a experimentação, a visualização e algumas constatações feitas após vivenciar alguns momentos, aliada à maturação de idéias e formas de pensar, nos levam a conjecturar e divagar um tanto quanto sobre o assunto.
Nosso cérebro processa uma infinidade de informações. Há o nosso consciente, que é o nosso cérebro "on-line". É a parte de nossa mente que fica acordada e operante de forma transparente o tempo todo, nos mantendo "ligados" enquanto não estamos dormindo. Essa parte de nossa mente vai sendo modificada e amadurece da mesma forma que nossa idade vai aumentando. Uma criança permite que qualquer informação chegue a ela, uma vez que não desenvolveu filtros emocionais, os quais lhe serão acoplados ao longo da vida. Um adulto filtra muitas informações, pelo fato de que já tem uma infinidade de pré-conceitos que lhe permitem gostar, concordar e aceitar ou não o que lhe chega.
Essa filtragem é feita pelo consciente, que é a parte "acesa" do cérebro. Em condições normais, um adulto analisa antes de reagir àquilo que recebe. Caso haja alterações no cérebro, tais como ingestão de álcool ou drogas, o consciente fica afetado e pode haver alterações. Isso é fato. Pode-se perceber essa alteração em uma pessoa alcoolizada ou que passou por uma experiência muito chocante. As reações são muito diferentes. A pessoa pode reagir de forma bem estranha, não filtrando informações antes rejeitadas.
A área do trauma é também muito ampla. As condições normais ou ideais de desenvolvimento do ser humano consideram a ausência de traumas. O trauma é uma ferida na alma. Existem níveis distintos de traumas. Podemos classificá-los de forma singela em três níveis. O primeiro nível pode ser considerado como o que é conhecido como complexo, tal como o complexo de inferioridade. Esse nível gera comportamentos tais como: indiferença, isolamento, falta de sociabilização. O segundo nível é aquele onde a pessoa reage de forma impulsiva quando confrontada com limites do fato gerador do trauma. Um exemplo seria um medo forte de cães causado por um ataque sofrido. Sempre que ouve dizer de cães ou vê um deles, há uma reação imediata e forte. O terceiro nível pode ser considerado como síndrome, tal como a síndrome do pânico, a qual leva a pessoa a necessitar de um acompanhamento permanente de auxiliares.
O trauma inicia-se em um momento de confronto e choque. Consideremos o transcorrer da nossa vida como um percurso imaginário que vai sendo traçado em linha reta. Em um determinado ponto, somos confrontados com fatos que modificam de forma brusca nosso comportamento. Esse fato faz com que essa linha sofra um desvio, tal como uma curva. Essa curva pode ser suave, média ou forte. Suave causa um complexo. Média causa um trauma. Forte pode causar uma síndrome.
Um trauma gerado na infância deve ser encarado com mais atenção. Os pais deveriam estar mais preparados para lidar com isso. Observa-se o seguinte: o momento exato em que o evento ocorrido sensibiliza o cérebro da criança é crucial para o processo. Imediatamente após esse evento ocorrer, há um período de latência, no qual ocorre um processo de possibilidade de instalação semi-definitiva do trauma no subconsciente. Não é interessante afastar a criança do local e do evento. Isso permitiria a criação de um conceito emotivo e sensitivo interior de que o evento é extremamente ameaçador e deve-se sempre fugir do mesmo. Isso é a instalação do trauma. É possível reverter esse processo enquanto o mesmo está em curso. Oferecendo a presença e proteção dos pais, pode-se levar a criança a encarar o evento novamente, de forma suave e segura, mostrando que ela é mais forte que o evento, e isso pode permitir que ela o vença por suas próprias capacidades, evidentemente auxiliada pelos pais. Desde que o evento não tenha sido um fato violento, é possível utilizar essa estratégia. Isso pode fazer com que o registro do trauma seja "deletado" da mente da criança, não se desenvolvendo e nem causando maiores danos à mesma.
Com certeza, como foi dito no início, essa teoria é mais uma conjecturação e divagação sobre o assunto. Porém, esse assunto é extremamente importante e precisa ser encarado por nós todos. Um trauma não tratado pode gerar um medo que paralise a pessoa e atrofie suas capacidades de desenvolvimento. E o que mais precisamos é que nossas capacidades sejam irrigadas com saúde emocional, a qual nos fará alçar longos vôos, tais como almejar um futuro brilhante e ter vivacidade, tenacidade e entusiasmo para percorrer o caminho que nos levará até os nossos maiores objetivos. Convoco os senhores e as senhoras a vislumbrarmos esse futuro ideal para todos nós.
Helvécio
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