sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O CICLO DA AUTO-SEGURANÇA

   Não adianta fugirmos de uma realidade. Todos temos nossas carências. Maiores ou menores. Frequentes ou raras. De amizade ou de outro tipo de relacionamento. De necessidades materiais ou emocionais. Desde crianças temos esses tipos de carências.
   O maior problema é que muitas dessas carências devem ser supridas de forma integral na infância, pois isso fecharia o que podemos chamar de ciclo da auto-segurança. O que seria isso? Bem, temos que tratar com bastante cautela esse tema, uma vez que ele mexe muito com o nosso inconsciente.
   Logo que nascemos, temos total dependência de nossos pais. Ainda não falamos, nem andamos, nem sabemos comer direito. Com o passar do tempo, vamos sentindo o ambiente ao nosso redor. Um bebê começa a reconhecer a voz da mãe e do pai em primeiro lugar. Esse é o primeiro passo para que ele se sinta seguro, protegido e amado. Isso é fundamental para o bom desenvolvimento de todas as suas capacidades.
   Após isso, a cada mês que passa, a criança vai se desenvolvendo, se adaptando ao mundo em sua volta. Com aproximadamente seis meses ela já consegue sentar sozinha, pegar objetos, já nascem os primeiros dentes. E a criança vai reconhecendo outras vozes, já sabe reconhecer um grito.
   A atenção que a criança recebe tem uma importância ímpar em sua vida. Com o passar do tempo, ao conseguir andar e se relacionar com outras crianças, o mundo se abre. Nesse momento, a criança encontra-se com uma realidade que lhe mostra que existem perigos e ameaças a sua volta. E ela vai precisar se proteger disso tudo. Até certo ponto da infância, essa proteção virá totalmente dos pais e pessoas próximas. Porém, o ciclo da auto-segurança define-se como o processo que ocorre enquanto a criança adquire uma segurança própria enquanto se descobre como sendo um ser capaz de reagir a fatores externos a ela.
   Com cerca de seis anos a criança já deve ter adquirido algumas capacidades importantes, tais como ir comprar algo em um estabelecimento próximo, receber e entregar recados. Com mais alguns anos, ela tem que ser capaz de lidar com vários medos. Ela já tem que saber se defender de um cão pequeno, por exemplo. Tem que saber circular em algumas ruas da cidade com certo desembaraço. Quando entra na pré-adolescência, o ciclo da auto-segurança já deve ter sido preenchido em boa parte, uma vez que ela irá lidar com situações de stress e será necessário que ela tome decisões por si própria.
   Ao atingir a adolescência, a pessoa já precisará estar bem mais segura de si mesma. Ela irá enfrentar decisões importantes. A escolha da profissão, o estudo de várias matérias simultaneamente, o fato de assumir algumas responsabilidades, a capacidade de votar aos dezesseis anos, dentre outras questões.
   O fato de se sentir uma pessoa segura deve ser uma questão fechada ou, quase totalmente, na idade adulta. Ao nos tornarmos adultos, tomamos o leme de nossas vidas. Assumimos nossa profissão, decidimos com quem iremos nos casar, nos mudamos para o lar que iremos administrar, enfim, nossa vida muda completamente de rumo.
   O ciclo da auto-segurança pode não ser fechado, para algumas pessoas, ao longo de toda a sua vida. Se isso ocorrer, provavelmente ela terá dificuldades pessoais e profissionais, e será necessário buscar ajuda. Mas isso já é matéria para outra reflexão. Procuremos fazer aquilo que é necessário. Enquanto pais ou responsáveis, procuremos fornecer às nossas crianças todo o ambiente necessário para que esse ciclo se conclua em tempo hábil. Enquanto adultos, analisemo-nos para compreendermos em que nível está o nosso próprio ciclo da auto-segurança. É isso!

Helvécio

Um comentário:

  1. Helvecio Braga este seu texto deveria se lido por muitos pais e nós professores, Piaget em outras palavras diz muitas coisas que foi comentada em seu texto:como o estimular a auto-confiança na criança para que sejam adultos aptos a aplicar o raciocínio lógico,inteligente e "humano" a todas as classes de problemas.Continue contribuindo com a sociedade,excelente texto.Prof.Carla Patrícia.

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