quinta-feira, 8 de setembro de 2011

PATRIOTAS OU CIDADÃOS?

   O sufixo ota é geralmente utilizado para qualificar a pessoa que receberá essa caracterização. É muito utilizado em gentílicos, definindo o país ou a cidade de origem dessa pessoa. Poliglota e Patriota são palavras singulares. Poliglota tem a ver com a fala e idiomas. E Patriota tem a ver com honra, respeito, enfim, amor à nação a qual se pertence.
   É fato que temos vários relatos na história mundial de conquistas feitas por povos patriotas. Os reinos que dominaram o mundo antigo, tais como o Império Persa, de Ciro, o Império Romano, de Júlio César, imprimiam na mente de seus soldados que ser patriota era parte do estilo de vida compulsório. Todo menino era educado para a batalha. Os espartanos foram o povo mais contundente nesse ponto e que levaram muito a sério esse estilo de vida. Eles eram o próprio povo guerreador.
   Hoje vivemos em clima de paz, pelo menos sem guerras armadas e uma paz teórica. De certa forma, o clima de não guerra traz alguns prejuízos a qualquer população. É o mesmo que o monopólio de uma empresa. O fato de uma nação ser soberana e poder decidir sobre os rumos de seu destino são importantes. Porém, a ausência de uma ameaça de invasão ou ataque por um país adversário traz uma cautela excessiva, muitas vezes. A população entra em um estágio de comodismo em relação a ter que se "armar" para ser cada vez melhor em muitos aspectos do desenvolvimento.
   Não havendo guerras, o clima é de sossego. E sossego induz ao descanso. E o descanso induz à falta de preocupação. E, esta, pode levar à letargia, que é o estágio onde se pratica excessivamente a procrastinação. O que era urgente passa a ser importante. E o que era importante passa a ser secundário. E o que era secundário e, ainda feito, passa a ser terciário. E, desta forma, os dias vão se passando e não se toma uma atitude proativa, na qual age-se bem antes de novas situações surgirem.
   Ser patriota, no sentido literal da palavra, poderia ser considerado como a melhor forma de vestir a "camisa" (corpo) do seu país. Bom ou ruim, independente ou não, grande ou pequeno, forte ou não, rico ou pobre, ele é o nosso país. Estamos todos em um mesmo barco chamado nação e, esta, ruma em direção ao seu próprio futuro. E os remadores somos todos nós, nacionais, povo que habita esta terra. Se esta nação, como barco, afundar, seremos todos submersos.
   Em que direção estamos remando? Remamos todos em harmonia? Usamos toda a potência que temos para remar? Remamos no mesmo compasso? Encorajamos uns aos outros, como remadores? Usamos o que temos de bom para fazer com que cada jornada nossa de remo, cada escala em que remamos, tenha o melhor clima possível? Quando vemos um remador enfraquecido ou prejudicado, gritamos com ele, fazendo com que recobre sua coragem?
   Ou agimos como se estivéssemos em nosso humilde barquinho, nos iludindo a pensar que nosso barco é individual e não pertence a esse imenso transatlântico que é nossa nau maior, chamado País? Será que temos ignorado a necessidade de sermos harmônicos com nossos compatriotas? Pensamos que nossa vida é apenas nossa e ninguém tem nada a ver com isso? A frase "Deus deu a vida para cada um cuidar da sua." pode ser muito boa para afastar os bisbilhoteiros de plantão, os curiosos indesejáveis que vivem nos perturbando com sua preocupação excessiva quanto a nossa vida. Porém, é uma tremenda falta de nacionalismo, de humanismo e até de patriotismo, conquanto, em se podendo haver preocupações sadias com os semelhantes, deveríamos abrir oportunidades para que as pessoas sinceras pudessem dar suas opiniões sobre questões não privadas a nosso respeito. Desta forma, aprenderíamos muito mais uns com os outros e nos ajudaríamos mutuamente. Isso também é patriotismo.
   Nós, povo brasileiro, estamos cansados, enfadados de tanto reconhecer notícias negativas sobre nossa nação. Todos os dias somos encorajados pela mídia, pelos colegas de trabalho, pela enorme quantidade de informações que chega a nós. Tudo isso diz que devemos fazer duas coisas principais: a primeira é culpar os políticos e governantes. A segunda é odiar nosso país. As informações e notícias que engrandecem nosso país e seu povo são extremamente ofuscadas pelo negativismo. O que produz o índice de audiência são as coisas chocantes negativamente, e não as que mostram o lado bom das coisas.
   Somos acostumados a dar brados de "urra" quando vemos guerras, mortes, destruição e  explosões nas telas de TV. Mas a paz, a harmonia entre as famílias, a amizade sincera, os bons governos, o desenvolvimento do país, localizado ou não é muito pouco noticiado. E tudo isso é um sistema corporativo que cria uma indústria da incredulidade e injeta doses fortes diárias em nossas mentes, bombardeando nossas crianças e impelindo-as a serem os futuros adultos céticos, incrédulos e calculistas.
   Precisamos ter um olhar crítico quanto a tudo o que nos cerca. Somos homens e mulheres e não apenas bonecos, nem tampouco fantoches, que vivem a ser manipulados ao bel-prazer dos poderosos e dominadores. Tenhamos patriotismo, hombridade, honra, brio dentro de nós e demos um brado de NÃO a esses valores imperiosos que, dia após dia, querem dizer a nós que nosso país não tem valor, que nossas riquezas pertencam a outros, que nosso povo é imoral, que nossa nação não tem solução. O escopo disso tudo é um painel gigantesco e que envolve inúmeras variáveis. Mas, como dizia Napoleão Bonaparte, temos que dividir para conquistar. 
    O problema é que, muitas vezes, aderimos à filosofia do oito ou oitenta. Ou resolvemos todos os problemas, ou não resolvemos nenhum. Ou nosso país é ótimo, ou não tem valor algum. Tenhamos mais ponderação e entendamos que podemos reduzir esse escopo a nossa realidade cotidiana. Focando esse panorama, poderemos visualizar uma quantidade bem mais reduzida de variáveis, as quais poderão ser melhor estudadas e modificadas por uma quantidade também menor de pessoas, a fim de encontrar mais rapidamente soluções necessárias.
   Dois exemplos disso são os seguintes: primeiro, em nosso bairro, podemos passar a não jogar mais lixo no chão, falar bom dia para as pessoas, prestar atenção aos idosos que precisam de uma palavra amiga ou de um auxílio para atravessar a rua; segundo, no trânsito, podemos ser mais educados, dirigir defensivamente, ser altruístas, compreensivos e pensar na coletividade e, não apenas, em nós mesmos. A partir desses dois exemplos, cada um de nós pode projetar a sua realidade maior de necessidade de ser patriota.
   Enfim, ser patriota é ser um verdadeiro Cidadão. Sejamo-lo.

Helvécio

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