sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

FORMAÇÃO DE IDENTIDADE

   A identidade de uma pessoa é como um enorme castelo que começa a ser construído no dia em que ela nasce. Todos nós temos uma história a ser construída, e isso começa a ocorrer a partir dos primeiros choros que damos e da reação das pessoas que nos cercam. O primeiro banho que recebemos, os primeiros carinhos, os primeiros afagos, as primeiras reprovações, as primeiras palavras da mãe, os primeiros olhares, os primeiros abraços, a primeira sugada no seio da mãe, o primeiro sono.
   A partir do momento em que uma criança toma a consciência de que é um ser humano, ela passa a entender que vive em um mundo rodeado de pessoas. Ela percebe que pode conversar, que pode ouvir, que pode falar, que pode entender, que pode perguntar, que pode observar algo. Em algumas situações, ela pode ser impedida de fazer algumas coisas. Os responsáveis por ela são aqueles que irão conduzir a formação de sua personalidade e, por que não dizer, parte de sua identidade.
   Identidade é uma palavra muito complexa. Envolve inúmeros fatores. Abrange muito mais do que apenas: quem sou eu. Envolve a percepção de mundo que a pessoa tem. Envolve os valores que lhe foram ensinados quando ainda não tinha consciência. Tais valores foram aprendidos, quando criança, pela prática, para depois serem compreendidos. E essa assimilação posterior chama a reflexão. Neste momento, a criança vai começar a refletir consigo mesma acerca da definição daquilo que é correto ou não. Ela praticou antes por imposição dos pais ou responsáveis, para depois ter condições de compreender o que significam aquelas atitudes.
   Neste momento, o que é fundamental para consolidar os valores na mente da criança é algo chamado: coerência. Caso aquilo que lhe foi ensinado pela prática seja o que também é feito diariamente pelos seus pais, a assimilação de tal valor será feito de forma normal, quase automática. Porém, caso haja uma incoerência entre o ensino e o exemplo, o que ocorre muito, haverá uma pausa no processo de entendimento dessas questões. Neste pondo, estará aberta uma brecha para iniciarem as indagações na mente daquela criança.
   A formação da identidade de uma pessoa ocorre, de forma contínua, até tornar-se quase completa na meia idade, onde aquilo que deveria ser planejado e almejado chega ao seu ponto máximo e estaciona no sentido de busca de objetivo de vida. Até chegar nesse estágio, esse processo passa pela infância, onde a criança aprende a ler, entende melhor as coisas, passa a querer certas coisas ou não, torna-se adolescente, passa a exercer a vontade própria, decide sem aceitar imposições. Torna-se jovem, busca sua profissão, toma algumas decisões independente dos pais, caminha mais longe com as próprias pernas.
   Ao tornar-se adulta, uma pessoa está com boa parte da sua identidade formada. Neste ponto, as maiores questões da vida já devem estar resolvidas. O corpo está fisiologicamente pronto para se reproduzir. Cronologica e fisicamente, isso significa estar capacitado para gerar outro ser e tornar-se responsável pelo mesmo. Este fato conecta-se à questão da capacidade emocional, que deve estar equiparada às demais, nesse momento. Portanto, seu ser deverá estar equilibrado, forte e firme para conseguir iniciar o processo em outra vida que sofrerá as mesmas ações, criando o ciclo de outra vida, outro ser.
   Após alguns anos sendo adulta, a pessoa chega ao estágio de formar a parcela profissional de sua identidade. Isto consolida-se, em geral, quando atinge a meia idade. Após esse ponto, o que ocorre é o aperfeiçoamento. Quando chega em uma fase posterior, a pessoa retoma algumas questões já definidas anteriormente. Existe a chamada "crise dos 40", que ocorre, em geral, após a pessoa completar sua quarta década de existência. Neste momento, algumas perguntas vêm á tona novamente. "O que fiz de correto na vida?"; "Que escolhas fiz e deram certo?"; "Como está meu relacionamento?"; "Terei condições de viver uma velhice sadia e segura financeiramente?". Neste momento, uma parcela complementar da identidade começa a ser formada. Podemos dizer que este ponto é onde as questões de sabedoria serão consolidadas. É por isso que muitas pessoas idosas sabem dar conselhos incríveis. Elas conseguiram adquirir sabedoria ao longo da vida.
   Ao chegar próximo dos sessenta anos, a pessoa tem, em geral, uma recaída em sua identidade. Tudo aquilo que se tornou sólido, passa a ser questionado de forma muito contundente. A solidão persegue a pessoa. A carência afetiva dos filhos torna-se recorrente. A fragilidade permeia os passos. Muitas questões respondidas na crise dos quarenta voltam à tona. Alguns estudiosos dizem que, neste momento, a pessoa volta a ser criança.
   É muito interessante observar o processo de formação da identidade de uma pessoa. Precisamos compreender como isto se dá e em que fase do processo estamos. Isto nos ajudará a entender melhor os dilemas que passamos. E nos capacitará, também, a saber lidar com as questões feitas pelos nossos familiares, amigos e colegas próximos. Que Deus nos ajude a compreendermos isso, meus amigos. E que nossa identidade possa ir sendo formada da melhor forma, a cada dia. Forte abraço.

Helvécio

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