A Paz é algo que sempre foi buscado incessantemente em todas as eras, desde que o ser humano se reúne em grupos e estes entram em conflitos. Há guerras, lutas e batalhas para se tentar a chegar a um estágio de poder, sobrepujando outros povos. Porém, após guerrear e ocorrerem as conquistas, necessita-se de um estágio de paz, para que tudo seja reconstruído e possa haver algum desenvolvimento.
Existem vários símbolos utilizados para representar a paz. Quero discorrer, aqui, sobre um que foi muito utilizado nos períodos de maiores guerras, o aperto de mão. Quando inimigos encontravam-se e queriam demonstrar que estavam em paz, apertavam as mãos uns dos outros. Isso significava dizer que não estavam armados e, consequentemente, estava instalado, ainda que, temporariamente, um período de paz.
É muito interessante analisar esse gesto de apertar as mãos. Se observarmos bem, existem diversos tipos de encaixes em nosso corpo. Os ossos são todos encaixados uns nos outros, e firmados através de tendões. O braço encaixa-se no ombro. As pernas encaixam-se na bacia. A cabeça encaixa-se no pescoço. A perna encaixa-se no joelho. A mão encaixa-se nos punhos e, estes, nos braços.
O aperto de mão é um encaixe perfeito. Imagine-se, neste momento, apertando as mãos de um amigo seu. Veja como é perfeito o encaixe das mãos. E é mão direita com mão direita, ou mão esquerda com mão esquerda. E é muito interessante que, quando apertamos as mãos, em geral, olhamos nos olhos. É um gesto de aproximação, de toque, de encaixe.
Se formos analisar de uma forma mais profunda, apertar as mãos exige um gesto de humildade. Estender as mãos é ceder uma parte do corpo para aproximar-se de seu semelhante. É permitir que parte do corpo de seu próximo toque as suas mãos. Nossas mãos representam muito para nós. Provavelmente, as coisas mais importantes que fazemos que nosso corpo envolvem as mãos. A primeira coisa que fazemos ao levantar é apoiar as mãos na cama para levantar. A segunda coisa que fazemos é limpar os olhos. Com as mãos, obviamente. Ao fazermos uma oração, utilizamos nossas mãos, estendendo-as aos céus. Escovamos os dentes, tomamos banho, tomamos café etc. Enfim, em quase tudo o que fazemos, as nossas mãos estão presentes.
Portanto, apertar as mãos é dar ao outro algo de mais importante que temos em nós. Nosso instrumento mais nobre é estendido ao outro, no ato de reconhecer a importância de nosso semelhante. Ao estendermos as mãos, é como se disséssemos assim: eu não estou armado; eu sou simples como você; eu estou aqui para reconhecer sua importância.
Precisamos aprender a estender as mãos. Não apenas às pessoas importantes, mas a todos os nossos semelhantes. Estender as mãos a quem está perto ou a quem está longe. Aproximarmo-nos das pessoas. Estenda as mãos para fazer novos amigos. Aperte a mão de uma pessoa que não vê há muito tempo. Estenda a mão a uma pessoa desconhecida na rua. Pegue na mão de uma criança, cumprimentando-a. Estenda a mão a um idoso, dizendo a ele: muito obrigado pela sua contribuição para o mundo em que vivemos.
Estenda as mãos. Aperte as mãos. Deixe suas mãos tocarem firmemente as mãos de seu semelhante. Faça um ato de humildade, de aproximação. Provoque uma atitude de descontração, apertando as mãos. Enfim, aperte as mãos para trazer ao semelhante aquilo que é muito importante: a paz.
Helvécio
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