CADA MACACO NO SEU GALHO

"Cada macaco no seu galho, cada um no seu ofício." Esse é um antigo provérbio, muito conhecido. Ele está relacionado diretamente com a questão profissional. Ele quer dizer que temos que saber estar no nosso lugar. E quer dizer, também, que cada profissão tem as suas particularidades, e estas têm que ser valorizadas e respeitadas.

Muitas pessoas gostam de entender de vários ofícios. Algumas julgam-se mais entendidas que outras. É evidente que, se alguém tem a capacidade de entender e, até ter a habilidade de desempenhar funções relacionadas à diversas profissões, isso é algo de valor. Porém, no dia a dia, nas tarefas regulares que todos fazemos a cada manhã, precisamos nos especializar naquele trabalho para o qual nos propusemos a exercer. Isso é uma questão de responsabilidade.

Ter noções das atividades ligadas a algumas profissões é uma coisa. Porém, desempenhar essas atividades com propriedade, precisão e eficácia já é outro departamento. A capacidade de dominar um determinado ofício requer vários detalhes. Um deles é ser bem treinado para conhecer todas as nuances escondidas nos meandros de cada uma das atividades que um trabalhador exerce. Outro detalhe é observar o trabalho de um profissional competente. Através desta atividade, pode-se aprender, visualmente, alguns detalhes a mais que não foram apreendidos totalmente na teoria ensinada. Após isso, ser um aprendiz de tal ofício é que vai permitir à pessoa completar o ciclo de aprendizado daquela profissão.

Cada um no seu ofício. Esta frase tem um significado profundo. Ela tem um fundo de respeito embutido nela. Ela quer dizer que toda profissão tem sua importância e, mesmo que uma pessoa tenha noções boas de qualquer profissão que seja, é necessário que se respeite o exercício daquela profissão por um bom profissional daquele área. Precisamos compreender isso. Temos que respeitar os limites profissionais de todas as pessoas. Evidentemente, não estamos balizando esta análise sequer mencionando as más práticas, existentes em qualquer ramo de trabalho. Porém, os bons profissionais têm que ser respeitados.

Muitas pessoas são tão petulantes que, ao ver o trabalho de um profissional, já imaginam como elas mesmas desempenhariam aquela atividade. Dizem: "Ah, se fosse eu, faria desta forma, com tais e tais detalhes, e ficaria muito melhor." Bem, se esta pessoa tem tal capacidade, porque ela não se torna um profissional desta área e passa a brigar pela concorrência neste ramo? Ficar questionando a capacidade de quem quer que seja é ser mero expectador de uma atividade, e ainda pode suscitar uma desconfiança indevida por parte de mais pessoas. É muito melhor focar-se em seu trabalho e ser um bom profissional.

É lógico que todos podemos ter nossas opiniões. É importante que as tenhamos. É bom que saibamos analisar tudo o que existe. Que olhemos com olhares críticos para tudo o que se faz debaixo do sol. É conveniente que saibamos reconhecer os bons profissionais, até para valorizá-los e indicá-los para amigos. Isso é uma questão da boa convivência e de justiça. Porém, temos que deixar que cada um faça o seu trabalho com liberdade. Que cada um possa ter o respeito necessário para trabalhar da forma que acredita ser melhor.

Cada macaco no seu galho. Deixem o homem trabalhar. Permitamos que trabalhem. Reconheçamos os bons serviços. Valorizemos os bons profissionais. Apoiemos os operários que se esmeram em aperfeiçoar o seu labor. Demos o valor devido àquilo que o merece. E, antes de mais nada, olhemos para o nosso umbigo antes de tudo, para vermos se, antes de criticar, estamos mesmo fazendo com toda a competência e capricho a nossa própria função. Será que estamos? Cabe a nós olharmos a nós mesmos com todo o rigor com que olhamos o trabalho do nosso semelhante. Isso lhe fez pensar melhor? Então, o propósito deste escrito foi cumprido.

Helvécio