sábado, 9 de fevereiro de 2013

SAUDOSOS E BUCÓLICOS TEMPOS

   É interessante observar como os tempos passam e as coisas mudam muito. Quando eu era criança, ia para a fazenda do meu avô e só escutávamos o barulho da natureza, dos aviões (que eram poucos), do ônibus passando na serra e do carro do leiteiro. TV? Parabólica? Internet? Celular? E-mail? Facebook? Sms? Qual, poucas dessas coisas estavam sendo inventadas.
   O bucolismo no qual éramos imersos nos trazia à alma um quê de inocência salutar, que nos prolongava a vida e a respiração. Ver a enxurrada escorrendo pelas laterais da casa, naquela água barrenta, que vinha da serra, descia pelos trilheiros feitos pelo gado, depois passava pelo curral, passava ao lado da casa e depois caía no rego d´água e seguia mais abaixo, até chegar ao rio no fundo do quintal, isso nos dava uma sensação incrível.
   Aquele ambiente não existe mais, nem tampouco o clima daquelas eras. Tal qual um vento impetuoso, que passa levando tudo que está à frente, o tempo levou aquela inocência consigo. Arrastou a simplicidade das pessoas, aquilatou para si os barulhos gostosos e agradáveis e os substituiu por inúmeros sons tecno-mecânico-eletro-pseudo-humano-animais.
   Enquanto antes era possível ir para a roça e ficar sossegado, isolado das modernidades e ficando no mais tranquilo descanso, hoje isso é tão impensável quanto impraticável. Antes não tínhamos TV na fazenda, então ficávamos satisfeitos em ouvir as notícias pelo rádio. As músicas que tocavam eram, também, baseadas em valores e pensamentos duradouros, o que nos permitia viajar com o pensamento enquanto ouvíamos aquelas canções.
   O fato de se deitar bem cedo e levantar ainda de madrugada nos afastava das preocupações por motivos efêmeros como ocorre hoje. Dormir cedo nos proporcionava um sono gostoso, saudável, revigorante, e que nos permitia sonhar com muito mais profundidade e ter as energias muito mais renovadas. O trabalho braçal durante o longo dia nos privava também de muitas tensões estressantes, as quais nos fazem companhia durante quase toda a vida atualmente.
    Ah, que tempo saudoso! Ah, que memórias bucólicas e tão presentes! Ah, que vontade de sentir o cheiro de terra molhada, ouvir o barulho dos animais! Ah, se eu pudesse voltar àqueles tempos! Ah, que tempos saudosos e bucólicos! Pena que não voltem mais!

Helvécio

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