Sabem como funciona o jogo de interesses nas emissoras de TV? É simples, basta analisar os fatos. Exceto os programas que são veiculados ao vivo, toda a programação passa pelo crivo da direção da emissora ou daqueles que a representam. Existe o que é chamado de reunião de pauta. Desta reunião participam os profissionais que decidem o que vai para o ar e os que colocam os assuntos no ar.
Iniciada a reunião, surgem inúmeros assuntos possíveis de serem aprovados. Quais são os critérios que definem o "tema de corte" de um assunto? Em primeiríssimo lugar, o que importa é a sobrevivência da emissora. Por exemplo, jamais será veiculado um assunto que pregue contra os interesses dos patrocinadores. Evidentemente, meus caros, nenhuma emissora vai dar um tiro no próprio pé. E os repórteres que fizeram isso em nome da verdade e da honra perderam imediatamente seus postos. É a tal queima de arquivo.
O segundo ponto é saber se a matéria ainda não foi veiculada em uma emissora concorrente. É óbvio que, se um assunto já foi explorado por uma concorrente, a emissora vai diminuir bastante a importância do mesmo, principalmente omitindo-o e fazendo o seu público cair no esquecimento do mesmo. E, para isso, joga na tela matérias bombásticas, mesmo que, para isso, tenha que repetir temas que já tenham causado impacto forte ao público. Evidentemente, temas urgentes, como grandes acidentes, crimes que abalam a sociedade são exceções, pois precisam, necessariamente, ir ao ar até mesmo sob pena da emissora ser ignorada como empresa séria.
O terceiro degrau é a capacidade de influência do assunto. Caso um tema seja importantíssimo, porém não irá contribuir para aumentar a audiência, ele ficará a segundo plano. Só irá ao ar caso não haja outra matéria que seja julgada mais prioritária. E, se ainda o for, irá com a rótulo de que a emissora se preocupa muito com a "justiça social e com a divulgação da verdade ao público".
O quarto degrau é a autopropaganda, ou seja, a divulgação de matérias que irão promover a divulgação da programação da própria emissora. Isso faz com que seus programas sejam promovidos por outros da própria grade, tornando o seu negócio ainda mais rentável. Como exemplo disso, temos programas de auditório que entrevistam artistas da própria emissora, que fazem propaganda de suas novelas e minisséries, que promovem os programas jornalísticos, dentre outros.
Em quinto lugar vem a importância social da programação. Caso a matéria tenha sido aprovada nos critérios anteriores, ela pode ir ao ar caso tenha um apelo social forte e seja considerada como benéfica ao público. Este critério, que deveria estar nos primeiros lugares, vem bem ao fundo na competição, meus amigos, infelizmente.
Com certeza existem outros critérios que desconhecemos ou que podem ser tão importantes quando os que aqui mencionamos. Porém, queremos destacar os pontos importantes da injustiça que existe nesse meio tão pernicioso.
O capitalismo é, provavelmente, um dos maiores culpados por tanta concorrência e deslealdade nos meios de comunicação. A questão de ser o melhor, o maior, o mais bonito, o mais capaz, o mais importante e bem sucedido faz com que as empresas tenham que estar sempre sobrepujando seus concorrentes e superando a si própria sempre, numa busca infernal por vencer, vencer e vencer a qualquer custo, mesmo que seja o custo de vidas menos favorecidas. Infelizmente, essa é a realidade dos cenários que se mexem antes que as matérias chegem às nossas telas. É isso, meus caros!
Helvécio
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