terça-feira, 6 de agosto de 2013

O GIGANTE ADORMECEU NOVAMENTE?



   No início de Junho de 2013, onde houve algumas manifestações de segmentos organizados da sociedade, ocorreu a explosão das manifestações apartidárias em todo o Brasil, movidos por um sentimento de brasilidade exacerbado, com centenas e milhares de jovens, adultos, crianças e até famílias marchando em prol de conquistas mais que necessárias de nossa sociedade.
   O governo balançou muito com isso. Os poderes foram sacudidos. Votações foram disparadas no Congresso Nacional. Políticos tiveram sua imagem manchada devido a tudo isso. Mais esquemas de corrupção foram descobertos e anunciados devido a esse movimento. Houve uma revolução geral no Brasil e que foi noticiada em todo o mundo, através das mais influentes mídias ao redor do globo terrestre.
   Sem dúvida alguma, esse foi um momento ímpar em nosso país, onde todos diziam que "o gigante acordou", ilustrando o fato de que o nosso Brasil vive "dormindo em berço esplêndido", enquanto que as mais famigeradas mazelas acontecem ao sol do meio-dia. Até mesmo as pessoas que não tinham qualquer senso de manifestação contra os desmandos dos poderes foram sensibilizadas e começaram a apoiar os movimentos que ocorriam.
   Porém, desde meados de Julho, houve um fato novo: o gigante parece ter adormecido novamente. Pouquíssimas pessoas continuaram a ir para as ruas, dando a impressão de que o movimento perdeu força generalizada. Além disso, o que deveria ter ocorrido em continuidade às passeatas não ocorreu. As tão almejadas mudanças só iriam ser disparadas na prática caso a sociedade se organizasse em discussões de entidades competentes que iniciassem uma série de pressões nos poderes a fim de conquistar os nossos direitos de forma real.
   Pelo que pudemos ver, não houve sequer uma mobilização de ONGs, entidades de classe, tal qual sindicatos, agremiações de qualquer natureza que se organizassem em fóruns, reuniões, sessões e diálogos organizados e determinados a promover a exposição da realidade dos meandros do setor público e, através disso, pressionar constantemente e firmemente os políticos a serem obrigados a agirem de forma corretiva para mudar suas práticas até que o Brasil comece a mudar efetivamente para melhor.
   Entretanto, cadê o povo nas ruas? Onde estão os presidentes de instituições que fazem greve quando há o interesse próprio? Por onde andam as ONGs que fazem paralisações de serviços essenciais em busca de conquistas para suas classes? Onde andarão os políticos que foram acusados de corrupção nos mais diversos escândalos que foram capas de jornais e manchetes dos principais telejornais Brasil afora?
   É, o gigante adormeceu novamente. Parece que o sono da preguiça, da conformação, da acomodação, do ficar alheio, do "eu não tenho nada a ver com isso" sedou os órgãos do gigante. Esse gigante está obeso, está com suas funções vitais comprometidas. Está sofrendo de reumatismo, com suas articulações incapazes de se dobrarem corretamente. Os joelhos do gigante não estão suportando o peso de seu corpo, então ele precisa ficar deitado para continuar vivo, ou melhor, para sobreviver. O cérebro do gigante está comprometido, sem conseguir raciocinar para tomar as decisões corretas.
   O gigante precisa ser revitalizado. Precisa de uma injeção de glicose em suas veias. Suas células estão sem conseguir respirar. As funções vitais estão ocorrendo em níveis bem abaixo do normal. O coração não está bombeando o sangue com toda a intensidade e fluidez. Os pulmões estão inchados e há muita fumaça nos alvéolos, causados pelo fumo em excesso de longos anos a fio.
   Quem salvará o gigante? Quem o poderá sarar? Quem se preocupará de verdade com a vida deste gigante que tem em seu território o pulmão do mundo, a Amazônia? Que tem riquezas minerais enormes em seu subsolo? Que tem petróleo descoberto até em camadas profundíssimas do solo marinho?
   Na verdade, o gigante representa um enorme barco, dentro do qual estamos todos navegando. Não importa se estamos na proa, na popa, no convés ou manuseando o leme. O que importa é que o barco é movido por todas as forças que são feitas por toda a tripulação. E eu pergunto a todos nós: para onde este barco está indo? Está em um curso bem definido rumo a um futuro promissor ou está navegando desgovernado em águas profundas? É o que todos nós, brasileiros, devemos nos perguntar. Afinal, nossos filhos e netos estão ou virão a estar embarcados nesta nau que ruma a um futuro, como sempre, incerto.
   Que tal pensarmos em acordar o gigante para sempre?

Helvécio

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