quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O HOMEM, A FAMÍLIA E AS GERAÇÕES



   Todos temos, pelo menos, algum costume. Um deles é o de refletir o ser humano como um ser social, que tem a necessidade de se relacionar com seus semelhantes. Parece um assunto sem fim, às vezes, pois até quando sentimos vontade de nos isolarmos, para evitar a troca de problemas com nossos semelhantes, vemos que é impossível lidar com nossas próprias questões sem considerar a possibilidade de uma ajuda externa. Também, quase sempre existe alguma pessoa precisando de um apoio de nossa parte.
   Desde a era da pedra lascada, o homem vive em sociedade. Desde que as primeiras famílias foram instituídas, o homem vive em um ambiente social, onde as relações entre os seres humanos vêm sendo desenvolvidas, aperfeiçoadas (ou até pioradas) das formas mais diversas possíveis. 
   A primeira relação que existe é entre macho e fêmea, no acasalamento, que é uma atitude puramente fisiológica, onde, em geral, o macho é impelido por seus hormônios para unir-se a uma fêmea e reproduzir-se, perpetuando sua espécie. Na condição de animais, ainda que racionais, essa é uma atitude puramente instintiva e social, onde uma família é constituída, estabelecendo-se em um local habitável, que pode-se chamar de casa ou então sendo nômades. Tal família passa a ter determinados costumes e necessidades. A partir disso, são definidos alguns hábitos e preferências, os quais permitem definir as práticas de um povo, ou seja, temos uma sociedade.
   Sendo a família a primeira instituição na qual existem e são praticadas as relações interpessoais, ela é o primeiro laboratório de onde podemos extrair várias conclusões sobre os seres humanos, suas características e seus relacionamentos.
   A primeira constatação que fazemos, observando a família desde os primórdios é a necessidade de uma hierarquia. Muitas pessoas confundem hierarquia com disputa por poder. Na realidade, hierarquia existe pela necessidade de papéis diferentes nas relações interpessoais. O que importa não é o poder que cada pessoa tem, mas sim o papel que desempenha por estar em uma função. Por exemplo, um menino exerce o seu papel de obediência aos pais e de aprendiz enquanto está na infância e adolescência. A partir do momento em que torna-se adulto e constitui sua própria família, seu papel se modifica completamente. A partir daí, ele torna-se responsável pelos seus, vindo a ter um poder diferente do que tinha quando era apenas um filho. Na família, a hierarquia existe para que haja organização de tarefas, cada qual com sua importância. Ninguém é menos importante, o que existe são tarefas diferentes que precisam ser delegadas a pessoas diferentes.
   A segunda conclusão que podemos obter pode ser uma surpresa para muitos, porém é uma realidade patente: a família não é uma instituição estática, constante, ela sofre diversas mudanças e está o tempo todo passando por isso, com membros adentrando nela e outros saindo dela. Os idosos morrem, os filhos se casam e criam suas próprias famílias. Bebês nascem e vem alegrar o ambiente e, assim, sucessivamente.
   Um terceiro ponto importante é o das relações interfamiliares. Cada família ou clã estabelecido em um local faz parte de uma sociedade, à qual pertencem outras famílias também, de igual importância. E estas outras famílias sofrem influência umas das outras e são influenciadas também. Quando algumas famílias se ajuntam em uma determinada região, podemos ter um vilarejo ou um povoado. E neste lugar começam a existir algumas instituições importantes, que terão um papel comum, compartilhado entre todas as famílias. Algumas destas instituições são: igreja, escola, praça, centro de saúde etc. 
   Quando analisamos este cenário, podemos compreender a importância das relações interpessoais e interfamiliares. Podemos analisar as mudanças que foram acontecendo no meio social durante os séculos e percebemos que muitas destas mudanças foram extremamente prejudiciais para o ser humano. Por exemplo, no século passado, até boa parte dele, era muito comum as famílias saírem de suas casas e visitarem uns aos outros com frequência, tendo longas conversas e trocando experiências e conhecimentos de forma muito saudável. Ao longo do tempo, as necessidades e cuidados pessoais de cada família aumentaram muito, aliado ao desenvolvimento de novas tecnologias, fazendo com que o tempo que é dedicado a estas visitas foi diminuindo, ao ponto de, hoje, as pessoas permanecerem dentro de suas casas em uma situação muito cômoda, ao invés de irem visitar seus amigos, da forma como era feito anteriormente. Estas mudanças estão se tornando cada vez mais fortes e frequentes, a ponto de cada geração sequer tomar conhecimento de como seus antecessores se relacionavam com seus semelhantes. Hoje, por exemplo, muitos adolescentes nem imaginam como era a vida de seus pais e avós quando não exitiam aparelhos celulares, internet e demais tecnologias atuais.
   É por isso, meus caros, que consideramos extremamente importante refletir em nossa essência, em nossa natureza, em nosso comportamento e nas modificações que vimos sofrendo ao longo dos anos. Não podemos nos tornar mecanizados a ponto de irmos apenas seguindo as mudanças da forma como elas vêm sendo impostas a nós sem que tenhamos uma atitude consciente de, primeiro, tomar conhecimento, depois de pensar, e finalmente, tirar conclusões importantes sobre todos esses aspectos. Antes de tudo, somos seres racionais e temos que agir como tal. E ser racional é usar a mente, a razão, para refletirmos e analisarmos os caminhos que temos percorrido e ver o quão corretos e coerentes eles estão e, até, modificar nossa trajetória, caso cheguemos à conclusão de que a rota não irá nos levar a um bom destino. É isso, amigos.

Helvécio

2 comentários:

  1. Realmente hoje nos tornamos pessoas isoladas vivendo em um mundo virtual. Infelizmente a tecnologia nos deixou acomodados de forma que preferimos ficar diante de uma tela que irmos a casa de alguem e claro nao pdemos esquecer que hoje por motivos de violencia tambem fazemos esta opção pois nos sentimos inseguros em sair. Mas o pior mesmo é que muitos estão deixando a essencia da familia acabar ,pois muitas vezes por questoes pequenas acontecem discordias que afastam as geraçoes fazendo com que percam a historia de suas raizes.

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  2. A questão da hierarquia na família é muito importante.Família é um projeto divino e as instruções para se edificar uma família sólida emanam de Deus . O padrão de liderança do homem não é a do domínio pela força, mas da liderança pelo exemplo, o da mulher de ter uma submissão inteligente e guerreira destemida,só a mulher pra fazer gestos heróicos para os filhos e maridos.Filhos obedecerem.Interessante texto!

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