terça-feira, 21 de outubro de 2014

ELEIÇÕES NO BRASIL EM 2014



   Falar de eleições em nosso país é falar em inúmeros assuntos. Podemos elencar alguns dos mais importantes. Quando falamos em eleição, estamos envolvendo opinião, parcialidade, direito de voto, papel da mídia, histórico, passividade do brasileiro, informação verdadeira, tradicionalismo partidário, compra de votos, influências regionais, modernidade, manifestações de Junho/2013, insatisfação popular, alternância de poder, segurança da urna eletrônica, dentre outros vários assuntos.
   Para começar, vamos refletir sobre opinião, que é um bom prato para se discorrer. Quando registramos o nosso voto na urna eletrônica, estamos consolidando uma opinião particular. Naquele exato momento, traduzimos em um registro a opinião mais íntima e pessoal sobre a nossa expectativa no futuro de nosso país. Desde o momento em que começamos a pensar no nome e no número de um determinado candidato, até a hora da votação, ocorre um processo racional com componentes emocionais em nosso cérebro. A conclusão a que chegamos e que é registrada na urna não é, necessariamente, maciça, no sentido de termos  cem por cento de certeza de que estamos votando no candidato correto segundo os nossos princípios, convicções e informações. Porém, é a opinião que acreditamos ser a mais válida para contribuirmos com a transformação do nosso país em um local melhor de se viver.
   Ainda falando em opinião, existem várias nuances envolvendo este quesito. A opinião de uma pessoa sobre em quem votar tem várias origens de formação. Em primeiro lugar, a formação política da pessoa no seio familiar fala muito alto. Uma pessoa que cresce em meio a um local onde não se discute política de modo amplo terá a tendência de menosprezar a importância de optar pelo candidato A ou pelo B. Isso torna a compra de votos muito fácil de acontecer. Outro local ideal para formar, no aluno, a imagem da política e sua importância na vida presente e futura é a escola. A influência política de professores pode ocorrer de forma preponderante na opinião de um aluno e pode definir seu futuro como um eleitor consciente ou não. Também, o conhecimento adquirido nos livros e estudos pode aprofundar e muito a opinião do estudante.
   Relacionado com o item opinião está o item papel da mídia, que é muito sério. Qualquer grupo ou empresa de comunicação sobrevive, principalmente de patrocínios de grupos ou empresas que pagam o valor das horas e minutos de programação desta mídia. E cada minuto tem um valor enorme. Quem já anunciou em uma TV sabe exatamente como é caro o preço de uma propaganda. Sendo assim, os anunciantes geralmente têm um grande poder de decisão ou influência no noticiário da TV. Pois, como uma empresa de mídia, que é mantida pelo cliente A, vai relatar notícias que prejudicam um candidato X que tem relações pessoais ou profissionais com esse cliente A? Se a mídia fizer isso, vai prejudicar diretamente o candidato e a eleição do mesmo pode estar comprometida, o que irá acarretar a perda do cliente A. E, digamos que essas notícias que denunciam o candidato X sejam verdadeiras. Ainda assim a mídia não vai relatá-las, a despeito de não correr o risco de perder o cliente A, ligado a esse candidato X? É mais importante para a empresa de mídia manter o seu faturamento para poder manter o seu corpo funcional e sua imagem do que relatar uma verdade que comprometeria de forma cabal as eleições? Meus caros amigos, infelizmente esta é a realidade em nosso país e em outros países também. A mídia é, quase por definição, uma empresa com opiniões parciais. Não se enganem quando uma TV diz que tem imparcialidade nas opiniões. Isso, definitivamente, não existe. Aliás, toda e qualquer opinião jornalística tem, intrinsecamente, a parcialidade de quem a escreve, pois o faz com a própria personalidade e conhecimento de causa particular.
    E falar sobre passividade do povo brasileiro e compra de votos? Bem, isso é clássico, no Brasil. Praticamente em todas as eleições ocorrem compra de votos, geralmente das pessoas menos informadas, as que são mais suscetíveis de serem manipuladas por pequenos presentes na iminência das eleições. A passividade é fruto da falta de informação e do comodismo ao qual boa parte da nossa população se rendeu. Nos redutos eleitorais dos candidatos a cargos minoritários, isso é frequente e sem previsão de acabar.
   Para continuar a conversa, vamos falar sobre as manifestações de 2013. Em junho do ano passado, a população foi às ruas, num aparente gesto de politização, conhecimento e atitude de brasilidade. Porém, o que houve após isso para dar continuidade nesse processo e pressionar as entidades, governamentais ou não, a se modificarem, a se estruturarem? Tudo indica que era mesmo fogo de palha. Os frutos daquela atitude ainda não foram colhidos, se é que o irão ser. Logo após aqueles dias, houve uma mobilização de vários órgãos tentando ser mais corretos, políticos sendo pressionados a agirem de forma correta, porém isso durou muito pouco. O ranço, a inércia, o continuísmo que grassa no horizonte de nossa nação está muito arraigado, e será necessário muito mais do que apenas passeatas, cartazes e manifestações em um curto período de tempo. Será necessária uma profunda modificação interna da população. 
   Nós, enquanto nacionais, habitantes de um país teorica e institucionalmente livre, precisamos entender, compreender o poder desta liberdade. Ela é muito mais do que apenas ter o direito de ir e vir. Ela é muito mais do que ter o direito de privacidade pessoal. Ela consiste em que a verdadeira liberdade nos constrange a sermos responsáveis pelo presente e pelo futuro de nosso país. E isso passa por nos sentirmos incomodados quando a maior parte da população é enganada pelas principais instituições, justamente aquelas que deveriam dar o primeiro exemplo. Quando executivos ou magistrados de primeiro escalão elevam seus próprios salários ao seu bel-prazer, quanto legislam em causa própria, tudo isso é motivo para ficarmos incomodados, não apenas em um momento, mas a ponto de modificarmos nosso modo de viver, deixando de sermos apenas mais um na multidão.
   É, meus amigos, conterrâneos, brasileiros, povo heroico, que vivemos numa república presidencialista, precisamos levantar de nossa cadeira e agir. Agir não só no momento da votação, mas também pensar, refletir, conversar, tentar sensibilizar nossos semelhantes a terem uma consciência política. E, para isso, precisamos saber qual a função original da verdadeira política, qual seja: utilizar as leis e os poderes instituídos em benefício do povo. Afinal, na nossa constituição, reza, no Artigo 1º, parágrafo único: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição." 
   Se fosse realmente assim,os nossos hospitais, escolas, delegacias públicas e demais instituições deveriam ser bem diferentes das que existem atualmente, correto? Portanto, podemos concluir que em nosso país, nós, o povo, não estamos exercendo o poder que a nós é garantido pela lei máxima da nossa nação. E a culpa é de quem? Totalmente nossa, que somos os financiadores de toda a máquina administrativa federal, estadual e municipal. Nós temos um poder que desconhecemos. E este poder reside em algo muito básico, que está em falta no nosso meio. Chama-se: união. Quando redescobrirmos o poder desta pequena palavra, nosso país estará entrando em uma nova fase política, pois o poder comecará a ser exercido por nós, diretamente ou pelos políticos que colocarmos no poder.
   Que possamos votar conscientemente, seguindo a razão, os princípios e valores que temos certeza serem corretos. Que raciocinemos com base em fatos, e não em notícias sem apurações! Que pensemos no que é melhor para nossos filhos. Que tenhamos um olhar no horizonte mais distante, não apenas olhando para nossos pés. Que Deus ilumine a todos nós e que possamos ter atitude de um povo honrado, que vai às urnas como se estivesse fazendo uma manifestação popular digna de um povo realmente heroico. 
   Boa eleição a todos! Nos vemos nas apurações!

Helvécio M. Braga
  

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