terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O LÍDER E O CHEFE


O LÍDER



    No livro O Monge e o Executivo, o escritor dá dicas de liderança muito importantes, que podem ser aplicadas em quase todas as áreas de estudo e trabalho. Uma das mais primorosas é extraída dos ensinamentos de Jesus Cristo: "Aquele que quiser ser o maior dentre vós, seja o que serve aos outros." Marcos 10:44.
    Muitas pessoas pensam em estar numa posição de destaque com o intuito de serem servidas, serem obedecidas. Toda e qualquer função, cargo ou posição na qual o líder é destaque, exerce um poder de atração muito grande nas pessoas. O fato de ter a oportunidade de dar a última palavra, ter o nome assinado em papéis decisivos, dar ordens, delegar atividades, atingir um nível financeiro mais alto, dizer o que tem que ser feito, enfim, tomar decisões, faz com que a sede de poder seja muito grande.e isso cria um fascínio na mente de muitos.
    Porém, como diz o conselho bíblico: a primeira lição a ser aprendida por quem quer se tornar um verdadeiro líder é aprender a servir aos outros. E por que esta dica é tão importante? Bem, porque liderar é bem diferente de chefiar, de mandar. Chefiar ou mandar é um ato autoritário, no qual se pressupõe uma relação hierárquica na qual o chefiado recebe ordens unilaterais, geralmente, rígidas. Nesta relação, a contribuição do chefiado é pequena e o mesmo exerce um papel muito mais executor do que pensante. Isto favorece majoritariamente o chefe, enquanto prejudica o chefiado. O crescimento pessoal e profissional do segundo é mínimo, e o mesmo tem a tendência de permanecer por um tempo muito curto nesta condição, a menos que haja uma grande necessidade, geralmente básica, que o impeça de mudar.
    Então, o que seria liderar? Qual a principal diferença? Bem, vejamos. Enquanto o chefe geralmente fica do lado de fora de um problema e manda o subordinado resolvê-lo, o líder tenta conhecer, pelo menos, um pouco sobre a questão para poder dar uma opinião e, até mesmo, tenta ajudar a resolver o impasse. Enquanto o chefe se preocupa muito mais com os itens materiais, tipo: metas, normas, valores financeiros, o líder se ocupa, primeiramente, em conhecer a sua equipe, tentando identificar onde estão os principais valores humanos dos quais dispõe. Enquanto o chefe delega tarefas sem se preocupar com a capacidade e com a capacitação dos subordinados, o líder procura servir os seus subordinados, transmitindo a eles o conhecimento que adquiriu. Enquanto o chefe se foca em relatórios estatísticos, o líder verifica se a sua equipe está crescendo pessoal, profissional e emocionalmente, formando um tripé que serve de alicerce para alavancar a equipe.
    Por que servir aos outros é importante para tornar-se um verdadeiro líder? Bem, algumas conclusões são relativamente simples. Uma equipe contém várias relações humanas (interpessoais), que são, por definição, afetivas, por mais profissionais e impessoais que possam parecer. E em relações afetivas, existe um item que é prioritário: a sensação de proteção do líder em relação à sua equipe. O estabelecimento de uma subordinação cria dois papéis muito bem definidos: o líder precisa ser o protetor da equipe e a equipe precisa deixar ser protegida pelo seu líder. Bem, isto pode parecer mais um relacionamento afetivo do que profissional, porém, vamos esclarecer isto. Vejamos o exemplo no qual a equipe tem alguns problemas internos que precisam ser resolvidos, os quais envolvem outra equipe da mesma empresa. O líder da equipe precisa buscar a solução destes problemas internamente, fazendo o dever de casa e "lavando a roupa" apenas com sua equipe, sem expor as dificuldades dos seus liderados para outras equipes. Isto funciona como uma blindagem na qual os seus subordinados se sentirão protegidos pelo seu líder e seus defeitos não serão exportados, fazendo com que questões pessoais não sejam expostas. 
   Por outro lado, o líder precisa valorizar sua equipe perante as demais equipes, salientando as principais qualidades que seus liderados possuem. Isto é um fator motivacional impressionante, que fará com que seus liderados sintam-se importantes e desejem melhorar profissionalmente a cada dia. Esta proteção do líder é uma forma de servir aos seus liderados, fazendo com que a relação líder-liderado se fortaleça cada vez mais. A união da equipe é construída quando o líder cita mais os valores positivos do que pune seus liderados. Um chefe sempre aborrecido e mal-humorado jamais será um líder. O chefe que não defende sua equipe está bem longe de conquistar a liderança de seu pessoal. Toda e qualquer equipe aceita ser liderada de forma espontânea, pois esse tipo de relação é tão antigo quanto os primeiros clãs humanos, nos quais havia proteção e colaboração mútuas para o bem comum de todo o clã.
   Enfim, as diferenças entre líder e chefe são inúmeras. Não daria para esgotarmos o assunto em poucas linhas. Mas podemos, pelo menos, começar a refletir sobre que perfil desejamos para nós e para nossos colegas de trabalho e para as demais pessoas com quem nos relacionamos. Se exerço uma posição hierárquica superior a algumas pessoas, estou me comportando como líder das mesmas, ou estou apenas exercendo papel de chefe? Por outro lado, se sou subordinado a determinadas pessoas, estou sendo liderado ou chefiado pelas mesmas? Será que consigo identificar facilmente diferenças entre líderes e chefes no meu ambiente de trabalho? E será, também, que consigo com certa facilidade, me livrar de vícios que me levaram a me comportar como chefe ao longo de minha vida profissional?
   Bem, fica a reflexão para pararmos por um tempo e deixarmos nossa mente viajar por essa planície do relacionamento pessoal e profissional, chamada liderança. Um abraço a todos e que sejamos líderes e liderados!


Helvécio

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