segunda-feira, 7 de novembro de 2011

MATURIDADE: DAS RAÍZES AO FRUTO

   Existem certas comparações inevitáveis. Há determinados termos utilizados em nossa linguagem que nos levam a fazê-las. Por exemplo, somos levados, muitas vezes, a comparar o ser humano ou fatores relacionados a ele com os animais, plantas e com elementos encontrados nos mais diversos cantos do mundo.
   Um dos termos conhecidos e que está inserido nesse contexto é a questão da maturidade. Com certeza, quando falamos em amadurecimento, quase sempre lembramos de algum fruto do qual gostamos. E pensar em amadurecer nos leva a refletir sobre a vida como um todo.
   Imaginemos como se processa o amadurecimento de um fruto qualquer. Ele nasce depois que as folhas estão prontas para recebê-lo. Depois de nascer, ainda pequeno, já vai recebendo os nutrientes que chegam até ele através de um sistema de circulação da seiva que começa nas raízes. À medida que o fruto vai crescendo, ele vai tornando-se mais forte e tomando a forma adulta.
   No período em que já recebeu toda a quantidade de nutrientes necessários para torná-lo um fruto perfeito, dizemos que ele, enfim, amadureceu. Nesse ponto, o fruto tem uma casca ideal, um sabor inconfundível e uma polpa substancial. O que ocorre porém, é algo imensamente contraditório. Justamente no momento em que atinge o seu ápice, ele torna-se pronto para ser consumido. Ou seja, no melhor momento de sua vida, quando ele está praticamente perfeito, ele precisa deixar de existir. Isso parece ser algo muito triste. Parece aquele filme onde, justamente no momento em que o mocinho consegue derrotar o bandido e fica com a donzela, e podem ser felizes para sempre, o filme termina.
   Porém, se analisarmos a finalidade para a qual um fruto existe, iremos compreender melhor o processo como um todo. Um fruto existe para ser consumido. E isso deve ocorrer exatamente quando o mesmo está na sua fase madura, ou seja, no ápice do seu desenvolvimento. Isso tem que ocorrer antes que o mesmo começe a perder as suas propriedades. Caso o tempo passe um pouco após a maturação do fruto, ele começará a se definhar e entrar em estado de decomposição. Nesse momento, ele não servirá para mais nada, a não ser jogado fora, no lixo. Outro detalhe que nem sempre analisamos: Quando um fruto é consumido, ele não deixa exatamente de existir. Em geral, o que fica de herança, após o consumo de um fruto, é sua semente. Ela é o resultado final de todo o processo. E, para que serve a semente? Justamente para renovar a vida do fruto, ou seja, para dar origem a outro fruto. E o processo inicia-se novamente.
   O que seria, para nós, seres humanos, amadurecer? Seria comparável ao processo sofrido pelos frutos? Em parte, cremos que sim. Poderíamos dizer que vivemos para nos tornar pessoas cada vez mais maduras. Porém, não precisamos ser colhidos para dar origens a sementes que sejam plantadas nos corações das pessoas. Podemos gerar essas sementes hoje mesmo, através de nossas atitudes. A fertilidade dessa semente vai depender de quanto tenhamos amadurecido em nossa vida. Quanto mais tenhamos recebido uma seiva de boa qualidade, mais fértil será a semente que geraremos na vida de outras pessoas. E essa semente irá dar origem a nossa história. E isso poderá inspirar outras pessoas com os exemplos que tivermos deixado. Depois de tudo o que fizermos nessa vida, o que ficará é o nosso exemplo. Essa seria a melhor colheita da maturidade que alcancássemos.
   Podemos entender a maturidade como um alvo que devemos almejar. Porém, nunca amadurecemos totalmente, pois temos coisas novas para aprendermos todos os dias. Não devemos nos considerar prontos ou aperfeiçoados. Devemos sim, aprender a conviver com as diferenças e amadurecer, apesar disso. Suportar o próximo. Amá-lo como ele é. Sermos capazes de conviver com pessoas totalmente diferentes. Sem que isso afete a nossa essência. Muito pelo contrário, conviver com essas pessoas e circunstâncias, fazendo com que nossa essência influencie essas pessoas. Isso, sim, é buscar maturidade. É o que temos que fazer. É isso.

Helvécio

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